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    Funcionários adquirem negócio do patrão e se tornam empresários

    FELIPE GUTIERREZ
    DE SÃO PAULO

    23/03/2014 02h20

    O empresário Ronald Heinrichs, 39, comprou a empresa na qual era funcionário. A loja on-line, chamada Meu Móvel de Madeira, era um braço de uma grande empresa, a Irani Celulose.
    Esse tipo de operação é conhecida pela sigla MBO, que é a expressão em inglês "management buyout" (algo como compra pela gerência) e não é comum no Brasil.

    Segundo o consultor Ruy Moura, da Acquisitions, isso acontece porque o próprio mercado de aquisições no país não é tão desenvolvido. "Mesmo as fusões e aquisições são recentes e muitas alternativas de compra são desconhecidas", afirma.

    A Irani Celulose usava parte da madeira que cultivava para para fabricar móveis e, em 2009, resolveu montar um comércio na web. Mas, pouco tempo depois, fechou sua fábrica de mobiliário, o que deixou o e-commerce sem seu principal fornecedor.

    Divulgação
    Ronald Heinrichs era funcionário e hoje é dono de loja on-line de móveis
    Ronald Heinrichs era funcionário e hoje é dono de loja on-line de móveis

    "A loja fugia do negócio central deles, que é plantar a floresta e produzir celulose, embalagens para pão e outros produtos de papel", conta Heinrichs.

    Ele mesmo foi encarregado pelos chefes de procurar um investidor para a empresa. Acabou encontrando a ele mesmo. Apesar de não revelar quanto pagou pelo negócio, diz que foi uma compra parcelada e que houve pouca negociação.

    Mesmo já conhecendo a operação, ele se deparou com um custo inesperado: o de gestão de pagamentos, pessoas, contabilidade etc.

    "Precisei montar uma estrutura própria e isso custa caro, tanto dinheiro quanto esforço para criar as rotinas da gestão da burocracia", diz.

    "Deixei de ser parte de uma grande para ser uma pequena. É preciso aprender a ser um negócio menor. E isso demora para acontecer", conta Marcus Vinícius Corrêa, 42. Hoje, ele é o sócio majoritário da Construtivo.com, um serviço on-line de gerenciamento de construções.

    A empresa foi fundada por um grupo de argentinos em 1999 e foi logo vendida para um fundo de investimentos do banco Santander. Corrêa era o diretor comercial.

    No fim de 2003, a instituição decidiu que produtos que não eram de finanças deveriam ser vendidos. "Não tinha mercado para vender a empresa. A bolha da internet tinha estourado. Para eles, a solução mais interessante foi fazer MBO", diz o executivo.

    "Uma coisa é todo mês receber o salário e, se der algo errado, voltar para o mercado e tudo bem. A outra é ser dono. Muda a maneira de ver: o posicionamento estratégico agora é meu", diz ele.

    Corrêa e Heinrichs dizem que os negócios vão bem. A Meu Móvel de Madeira teve um aumento de de 39% de faturamento em 2013 (em 2012, o índice havia sido 40%). A Construtivo.com, que está há dez anos nas mãos do antigo diretor de vendas, começou cortando funcionários, mas hoje tem cerca de 150 clientes. "Na época do Santander tínhamos dez", diz.

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