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    Artistas aderem a 'teatro corporativo' para faturar mais

    FILIPE OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    23/03/2014 02h30

    Os monólogos do ator e dramaturgo Raul de Orofino, 52, e os concertos do maestro Renato Zanuto, 34, não são apresentados em palcos comuns de teatro: na maior parte do tempo, eles têm como plateia profissionais em busca de motivação.

    Em uma das quatro peças do repertório do ator, um engenheiro conta a um psicanalista como se reergueu na carreira depois de ser demitido: ele passou a ajudar velhinhas a cuidar da casa.

    Após passar por uma depressão, o engenheiro-faxineiro volta ao sucesso à medida que percebe oportunidades que aparecem em seu convívio com essas mulheres e se reinventa como um empreendedor.

    Divulgação
    O ator e dramaturgo Raul de Orofino, que apresenta monólogos para empresas
    O ator e dramaturgo Raul de Orofino, 52, que apresenta seus monólogos e palestras para empresas

    Já o "Bolero" do compositor francês Maurice Ravel (1875 - 1937) regido por Zanuto para um público de executivos começa desafinado. Isso para mostrar o que acontece quando os profissionais estão fora de sintonia.

    O incômodo da situação é seguido pela entrada de uma escola de samba no palco -agora o tema é a ousadia.

    DIFICULDADES

    O ator e o maestro descobriram espaços no mundo corporativo devido às dificuldades para seguir suas carreiras de modo tradicional.

    Orofino conta que, no início dos anos 1990, o Plano Collor abalou a viabilidade financeira de muitos teatros, o que o obrigou a buscar espaços alternativos.

    Os primeiros foram casas de espectadores que o contratavam. Depois, ele passou a fazer apresentações em aviões, nos quais Orofino diz ter descoberto que podia "tirar o medo da plateia usando o humor".

    A entrada nas empresas aconteceu por iniciativa de um executivo que viu sua apresentação e apostou que elas poderiam resolver problemas de comunicação dentro da empresa. Orofino aceitou o convite e pediu uma carta de recomendação. As peças, que são seguidas de uma palestra, viraram rotina.

    Ele diz que o trabalho com emoções pode ajudar empresas a alcançar resultados. "O meu objetivo é desmontar as pessoas para que elas escutem as histórias, consigam mudar seu padrão emocional e passem a vender melhor."

    Depois de morar por dez anos na Europa, o que lhe permitiu se apresentar em companhias como Nestlé e Portugal Telecom, o ator voltou a atuar no Brasil no fim de 2013. Realiza uma média de quatro apresentações por semana, entre empresas e casas. O custo pode variar entre R$ 10 mil e R$ 25 mil para plateias corporativas.

    AFINANDO AS EMPRESAS

    Para Zanuto, a aproximação com o gerenciamento corporativo aconteceu logo após a formatura em composição e regência. Frustrado com a dificuldade de se manter financeiramente apenas com a música, ele estudou também administração.

    Danilo Verpa/Folhapress
    O maestro Renato Zanuto, que une música a lições sobre liderança e administração
    O maestro Renato Zanuto, 34, que mistura música a lições sobre liderança e administração em apresentações corporativas

    Zanuto conta que, à medida que estudava o funcionamento das empresas, percebia que elas eram muito parecidas com as orquestras: se alguém desafina ou não trabalha direito, todo mundo acaba prejudicado.

    Segundo o músico, as metáforas entre música e negócios são infinitas. "Comparo liderança com as cordas de um violino. Se você aperta demais, elas estouram. Mas se estiverem muito frouxas, não produzem som."

    Os concertos-palestras passaram a ser oferecidos há três anos. Ele já teve clientes que vão do McDonald's a um sindicato de donos de transportadoras -para cada ocasião, o repertório e a fala são adaptados.

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