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    Bolsa vai na contramão do mau humor externo e sobe; dólar cai pelo 6º dia

    DE SÃO PAULO

    24/03/2014 17h57

    Na contramão dos mercados internacionais, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou esta segunda-feira (24) em alta pelo sexto dia seguido, diante de uma entrada maior de investidores no país. O avanço foi de 1,29%, para 47.993 pontos.

    Na Europa, as principais Bolsas já haviam fechado em queda de mais de 1%, enquanto nos Estados Unidos os mercados tiveram perdas entre 0,1% e 1,2%.

    O otimismo ajudou o dólar a perder força em relação ao real. O dólar à vista, referência no mercado financeiro, cedeu 0,12%, a R$ 2,320. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, caiu 0,17%, para R$ 2,322. Foi a sexta queda seguida da moeda americana.

    O Banco Central divulgou hoje que a entrada de dólares no Brasil supera em US$ 5 bilhões a saída de recursos estrangeiros do país em março, segundo dados parciais até o dia 20. Essa é a maior entrada mensal desde maio do ano passado (US$ 10,8 bilhões).

    A avaliação de analistas consultados pela Folha é de que o alívio é momentâneo e, no médio prazo (até o fim do ano), o mercado de ações e o de câmbio devem se manter pressionados por fatores internos, como a insatisfação dos investidores com a política econômica do governo, e externos, como a retirada do estímulo nos Estados Unidos.

    "Temos, desde a semana passada, um mercado mais comprador de risco. Ainda está difícil de interpretar esse movimento. Havia boato sobre pesquisa eleitoral, mas isso passou e a tendência não mudou. É uma alta com volume. Ou seja, tem bastante investidor no mercado, o que denota otimismo com o Brasil, mas sem fundamento claro", diz Fernando Góes, analista da Clear Corretora.

    Para João Pedro Brügger, analista da Leme Investimentos, o avanço recente da Bolsa fez com que ela rompesse níveis de pontuação que ela não atingia desde o início do ano, o que atraiu mais compradores para o mercado, sustentando a continuidade da alta.

    "É um ajuste aparente na Bolsa. Questão de preço. Não sei até que ponto isso vai se manter, pois não tivemos mudança nos fundamentos econômicos, mas há chance de uma realização (quando investidores vendem papéis por um preço maior que o de compra para embolsar lucro) no curto prazo", diz.

    A China voltou a chamar atenção dos mercados nesta segunda-feira ao sinalizar um enfraquecimento no setor industrial. O Índice de Gerentes de Compras preliminar (PMI, na sigla em inglês) calculado pelo Markit/HSBC caiu para a mínima em oito meses em março, de 48,1. O indicador está abaixo de 50 desde janeiro, o que indica contração da atividade.

    Apesar de o número ser negativo, parte do mercado avalia que o governo chinês deve adotar medidas de estímulo para amparar o crescimento do país. A China é o principal parceiro comercial do Brasil, logo, a possibilidade de ajuda por parte do governo agrada os investidores.

    Os papéis mais negociados da Vale, no entanto, cederam 0,15%. A China é o principal comprador internacional do minério produzido pela companhia brasileira.

    Já as ações mais negociadas da Petrobras deram continuidade ao forte ganho visto na semana passada e subiram 2,71%. Esses papéis representam mais de 8% do Ibovespa.

    O ganho da Bolsa hoje também foi sustentado pelo bom desempenho dos bancos, após o Credit Suisse ter divulgado perspectivas positivas para o segmento até o fim do ano, em relatório. "A avaliação citou Bradesco e Itaú, mas os demais bancos 'surfaram a onda' de boas avaliações do setor, e subiram", diz Roberto Indech, estrategista da corretora Rico.com.vc.

    O Itaú Unibanco subiu 2,90%, enquanto Santander teve alta de 2,81% e Bradesco subiu 2,80%. O Banco do Brasil também viu seus papéis subirem, fechando o dia com alta de 0,58%.

    A companhia de energia Cesp ficou entre os maiores ganhos do Ibovespa no dia, após divulgação de resultado, com avanço de 4,99%. A Cesp teve prejuízo líquido de R$ 990,5 milhões no quarto trimestre de 2013, mas o resultado foi afetado negativamente por provisão relacionada ao fim da concessão da hidrelétrica Três Irmãos.

    Após a divulgação dos números, o UBS manteve sua recomendação neutra para a companhia, mas elevou sua projeção para o preço dos papéis de R$ 22 para R$ 25 em 12 meses.

    Folhainvest

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