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    Rebaixamento da nota brasileira não afeta mercados; Bolsa sobe e dólar cai

    DE SÃO PAULO

    25/03/2014 13h04

    A decisão da agência de classificação de risco Standard & Poor's de cortar a nota do Brasil de BBB para BBB- não afetou os mercados nesta terça-feira (25). O rebaixamento, segundo economistas, era aguardado e já estava sendo considerado nos preços.

    Às 13h (de Brasília), o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, subia 0,26%, a 48.120 pontos. No mesmo horário, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, cedia 0,39% sobre o real, a R$ 2,311 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, tinha queda de 0,47%, também a R$ 2,311.

    Para Eduardo Velho, economista-chefe da gestora Invx Global, a surpresa da decisão da S&P ficou por conta do "timing". "Mesmo que o corte já estivesse sendo descontado no preço dos ativos, o mercado, no geral, esperava que o corte fosse anunciado apenas mais à frente no ano", diz.

    Segundo a agência, o rebaixamento divulgado na noite de ontem reflete a combinação da situação fiscal difícil no Brasil com a perspectiva de baixo crescimento nos próximos anos, além de uma piora nas contas externas.

    Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs, avalia em relatório que a aproximação da Copa do Mundo e a campanha presidencial de outubro também podem ter influenciado a necessidade de uma ação antecipada pela S&P.

    "Em nossa visão, o rebaixamento está bem ancorado na clara deterioração dos fundamentos macroeconômicos e na visível erosão da credibilidade política nos últimos anos. Logo, o movimento não é totalmente uma surpresa para o mercado", afirma.

    Ramos diz ainda que o ônus do processo é a necessidade de o governo reagir ao rebaixamento se dedicando mais a uma política mais disciplinada. "Uma falha nesse sentido deve aprofundar ainda mais o sentimento do mercado e os preços dos ativos", completa.

    PERSPECTIVA

    A avaliação de especialistas é que, embora um rebaixamento seja negativo, o fato de a S&P ter movido a perspectiva da nota de negativa para neutra ajuda o mercado a amenizar o efeito do corte.

    "Isso quer dizer que o Brasil tem cerca de um ano, tempo em que a agência costuma reavaliar as notas, para mostrar que consegue fazer os ajustes de que precisa", diz André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.

    A expectativa de um possível rebaixamento se arrastava desde o ano passado. Na última semana, representantes da S&P se reuniram com membros do governo para discutir as perspectivas das contas públicas.

    ESTATAIS

    Após cortar a nota do Brasil, a S&P também rebaixou a nota da Petrobras, Eletrobras e da Samarco -subsidiária da Vale que faz pelotas de aço. O movimento é considerado natural e também acontece com estatais de outros países quando eles têm sua nota reduzida.

    Embora tenham mostrado queda logo após a abertura do mercado, as ações da Petrobras logo inverteram a tendência e registram ganhos. Às 13h, os papéis preferenciais da estatal, mais negociados e sem direito a voto, avançavam 0,55%. Já os ordinários, menos negociados e com direito a voto, subiam 0,71%.

    No mesmo horário, os papéis preferenciais da companhia de energia Eletrobras caíam 2,01%, enquanto os ordinários tinham baixa de 2,87%.

    "A S&P chegou a mencionar que a crise do setor elétrico brasileiro como um dos balizadores do corte. Ainda é bastante incerto se as medidas que o governo têm tomado serão suficientes para cobrir os custos maiores das companhias de energia sem que isso impacte as contas públicas do país", diz Velho.

    Folhainvest

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