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    Lobão admite pedir economia de energia na Copa

    JULIA BORBA
    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA
    DE SÃO PAULO

    28/03/2014 03h00

    O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que, caso as reservas das hidrelétricas não aumentem nos próximos meses, o governo poderá pedir à população que reduza voluntariamente o consumo de energia para garantir o fornecimento durante a Copa do Mundo.

    "Nós não estamos trabalhando com a hipótese de racionamento", disse Lobão em entrevista ao jornal americano "Wall Street Journal".

    "Temos a convicção de que isso não será necessário", completou o ministro, que afirmou que é muito baixa a chance de apagão até novembro, quando iniciam os períodos das chuvas.

    Lobão disse ainda que o governo não pretende cobrar mais de quem consome mais eletricidade -como aconteceu no fim do governo FHC. "Não vamos repetir 2001."

    TÉRMICAS

    O governo já traçou os piores cenários para o setor elétrico caso o ritmo e a quantidade de chuva neste ano não sejam suficientes para reabastecer os reservatórios das usinas hidrelétricas.

    A conclusão é que, caso o volume de chuvas no país feche o ano próximo aos menores níveis já verificados nos últimos 82 anos, a demanda dos consumidores só será suprida mantendo todas as térmicas do sistema ligadas de março a novembro.

    Até agora, 2014 já enfrentou o terceiro pior mês de janeiro e o segundo pior fevereiro dos últimos 84 anos.

    A avaliação foi feita pelo CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico), que reúne as principais autoridades do setor no governo.

    O comitê projetou para 2014 os índices de três anos considerados "críticos" para as chuvas em todo o país -1954, 1969 e 2001.

    O objetivo da simulação é verificar quanto de energia poderá ser gerada neste ano mantendo semelhante regime de chuvas e impacto no nível dos reservatórios.

    Os anos escolhidos pelo governo para uso nesta comparação com 2014 são os três piores dos últimos 82 anos para a região Sudeste/Centro-Oeste, que concentra 70% da capacidade de armazenamento dos reservatórios do país.

    A previsão não considerou o mês de dezembro, quando geralmente chove em quase todas as regiões do país.

    Caso o cenário se confirme, o uso intensivo das térmicas até o fim do ano refletirá em um aumento, ainda não calculado, no custo da energia para consumidores residenciais e industriais.
    Esse custo pode ou não ser atenuado por injeções do governo, como foi feito em 2013.

    Conforme revelado pela Folha, há uma preocupação entre agentes do setor elétrico com o uso intensivo das usinas térmicas.

    Elas costumam ter uso sazonal, mas têm sido usadas em larga escala desde o fim de 2012 por causa das condições climáticas.

    Um estudo do banco Santander mostrou que, em maio próximo, ao menos 10% dessas geradoras terão de passar por manutenção. A previsão é que, em setembro, mais 10% façam revisões.

    A realização de manutenção nesses equipamentos é fundamental para evitar a quebra de aparelhos e a interrupção forçada da geração por algumas delas.

    O Ministério de Minas e Energia defende que a projeção desses cenários faz parte dos estudos de monitoramento do setor elétrico realizados pelo comitê. Segundo a pasta, ainda não há definição sobre o uso de todas as usinas térmicas até o fim do ano.

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