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    Hotéis temem superoferta após Copa do Mundo

    INGRID FAGUNDEZ
    DE SÃO PAULO

    06/04/2014 01h15 Erramos: o texto foi alterado

    Os dias depois da Copa do Mundo preocupam os setores hoteleiros de Manaus, Cuiabá e Belo Horizonte, que já trabalham com a ideia de superoferta de leitos depois de a bola parar de rolar.

    Para empresários e associações, na concorrência que deve se instalar após o torneio, os mais prejudicados serão os pequenos hotéis. Os empreendimentos menores seriam substituídos pelos de rede, em movimento parecido com o que ocorreu em São Paulo há dez anos.

    As redes começaram a ir para Belo Horizonte, Manaus e Cuiabá após 2009, quando as sedes foram reveladas. Desde então, o número de hotéis se multiplicou. Na capital de Mato Grosso, a quantidade de leitos deve pular de 12 mil, em 2009, para 17 mil durante a Copa –alta de 41%.

    "Cuiabá tem a situação mais alarmante. Não tem uma economia pujante ou grandes atrativos turísticos. Nem fizemos estudos sobre ela porque não valia a pena", diz o presidente da consultoria especializada BSH, José Marino.

    Ele vê Belo Horizonte e Manaus em um patamar melhor, pois têm um ambiente de negócios mais desenvolvido. Nas cidades-sede, as construções em série foram consequência da baixa oferta de leitos quando os locais foram definidos. O desejo de aproveitar a oportunidade, entretanto, levou a decisões sem planejamento.

    "O pessoal começou a construir. Mas fazer um hotel não é como fazer um restaurante. É preciso identificar a demanda", diz Nerleo de Souza, vice-presidente da Abih (Associação Brasileira de Indústria de Hotéis).

    Editoria de Arte/Folhapress

    GUERRA

    Foi aí, aponta o presidente da associação em Cuiabá, Luiz Verdun, que muitos empresários falharam. "Pessoas com dinheiro foram fazendo por conta própria. Tememos uma guerra de concorrência."

    "O pós-Copa, na melhor das hipóteses vai ter uma ocupação de 38% a 39%. Nessa faixa é prejuízo na certa. Temos que ter um mínimo de 40% para sobreviver, reduzindo custos, senão não leva um hotel com tranquilidade", disse Verdun.

    A Accor, que detém bandeiras como Ibis e Mercure, deve inaugurar cinco hotéis em Cuiabá e quatro em Manaus até 2017. Para o diretor-adjunto de desenvolvimento de novos negócios da Accor, Eduardo Camargo, os investimentos devem causar a saída de empreendimentos do mercado. "Hotéis de rede captam mais negócios que os independentes. Creio na substituição."

    A busca pelo padrão internacional afeta os pequenos negócios. É o caso do hotel Alvorada, há 30 anos em Cuiabá. Um dos primeiros da cidade, recebe hoje uma média de 30 hóspedes A–bem 120. A proprietária, Leda Gonçalves, viu a taxa de ocupação cair desde a inauguração de outro hotel em sua rua.

    O presidente da Abih de Manaus, Roberto Bulbol, diz que a ocupação a dois meses da Copa é de 50% –abaixo do considerado confortável– e a permanência do turista no evento deve ser de 2,6 a 3,4 dias. "Esperávamos mais."

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