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    Dilma fará discurso de que segurar preço é o melhor para trabalhador

    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA

    06/04/2014 01h30

    Apesar de, em público, dizer que a inflação está sob controle, a equipe da presidente Dilma Rousseff considera que o quadro, neste ano eleitoral, é "complicado" e "delicado" e discutiu fórmulas para desconstruir o discurso da oposição de que o governo segura artificialmente os preços administrados, empurrando para 2015 reajustes da gasolina e da energia.

    Em reunião reservada na semana passada, no Palácio da Alvorada, Dilma ouviu a sugestão de um ministro de que o governo precisa "traduzir em linguagem de gente" as críticas dos presidenciáveis Aécio Neves (PSDB-MG) e Eduardo Campos (PSB-PE).

    "Ao criticar o governo por segurar os preços administrados, o que o Aécio e o Dudu Campos defendem é aumento já da gasolina e da conta de luz", disse o ministro Paulo Bernardo (Comunicações).

    "Os investidores aplaudem esse discurso, ficam excitados, mas, quando o povo souber o que isso significa, não vai gostar nem um pouco."

    Na reunião, o ministro disse que o governo precisa mostrar que com as medidas que vem tomando busca defender o bolso do trabalhador, tratando a questão de forma gradual e evitando aumentos exagerados num momento em que um choque de preços de alimentos pressiona a inflação.

    Além de Dilma e de Bernardo, estavam na reunião Guido Mantega (Fazenda), Aloizio Mercadante (Casa Civil), José Eduardo Cardozo (Justiça), Thomas Traummann (Secretaria de Comunicação Social) e Beto Vasconcelos (chefe de gabinete da Presidência).

    Ao fim do encontro, convocado também para discutir a a CPI da Petrobras, Dilma mandou a equipe "ir a campo" para rebater a oposição e garantir que a inflação não sairá do controle.
    Mas as críticas à contenção de preços administrados não partem só da oposição.

    Num tom menor, mas também crítico, o Banco Central apontou essa estratégia como uma "fonte relevante de risco" para a inflação porque dificulta a administração das expectativas, que trabalham com a correção desses preços em algum momento.

    Durante a semana, a própria Dilma e Mantega deram declarações à imprensa para insistir no discurso de que a inflação não vai estourar o teto da meta, de 6,5%, no final do ano, e que seu combate é prioridade do governo.

    Editoria de Arte/Folhapress

    CÂMBIO

    Internamente, porém, assessores classificam o cenário de inflação como "complicado" e "delicado" por causa dos choques de preços de alimentos, o que fará o teto da meta ser ultrapassado perto da eleição presidencial.

    A aposta, porém, é que o IPCA feche o ano com variação abaixo de 6,5%. Para isso, porém, assessores presidenciais dizem que o governo conta com a contribuição do dólar menos valorizado. Técnicos comemoram a mudança no câmbio.

    Até há pouco, o dólar estava acima de R$ 2,35, mas fechou anteontem a R$ 2,24, o que vai contribuir para reduzir as pressões inflacionárias. Nesta semana, no entanto, o governo terá notícias ruins.

    O IPCA de março será divulgado e, segundo as estimativas do mercado, deve ficar em 0,84%, o dobro do de 2013. A partir de abril, a tendência é de queda nos índices mensais, mas de alta na taxa em 12 meses. Em julho, no entanto, a inflação mensal volta a subir, fazendo também a inflação acumulada em 12 meses superar o teto da meta.

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