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    Folhainvest

    Inflação sobe 0,92% com alta de alimentos e tem pior março desde 2003

    PEDRO SOARES
    DO RIO

    09/04/2014 09h05

    Sob impacto da forte alta dos alimentos, a inflação, medida pelo IPCA, acelerou em março e bateu em 0,92%, segundo dados do IBGE divulgados nesta quarta-feira (9).

    O resultado supera o de fevereiro, quando o índice oficial do país havia sido de 0,69%. Em janeiro, a taxa fora de 0,55%. Trata-se, portanto, do terceiro mês consecutivo de pressão sobre a inflação.

    O resultado do IPCA corresponde à maior variação para o mês de março desde 2003 (1,23%), quando o país vivia os reflexos de um choque cambial.

    A inflação de março também repete a maior alta, considerando todos os meses do ano, desde abril de 2003, ou seja, a mais elevada em dez anos. A mesma marca de 0,92% havia sido registrada em dezembro de 2013.

    Diante da elevação da taxa nos dois últimos meses, o indicador acumulado em 12 meses se aproximou mais do teto da meta do governo e fechou março em 6,15%.

    A meta de inflação é de 4,5%, com intervalo de tolerância de dois pontos para cima (6,5) ou para baixo (2,5).

    O índice em 12 meses, que mostra a tendência de longo prazo da inflação, é o mais alto desde julho de 2013 (6,27%).

    Em fevereiro, havia ficado em 5,68%. O IPCA encerrou 2013 com alta de 5,92%.

    No primeiro trimestre, a inflação subiu 2,18%. O IPCA sente o reflexo, principalmente nos dois últimos meses, do clima desfavorável e seus efeitos sobre os preços especialmente dos alimentos in natura.

    Editoria de Arte/Folhapress

    ALIMENTOS

    Secas prolongadas em algumas regiões e chuvas em excesso em outras resultaram no aumento de 1,92% do grupo alimentação, principal foco de pressão sobre o índice geral de preços.

    Dentre os alimentos, importantes itens de consumo quase que diários subiram com força e corresponderam aos aumentos de destaque de março, tais como tomate (32,85%), batata (35,05%), feijão carioca (11,81%), hortaliças e verduras (9,36%), ovos (8,21%) e leite (5,17%).

    Todos esses itens sofrem efeitos diretos ou indiretos do clima desfavorável que compromete lavouras e pastagens para os animais. Sozinhos, os alimentos a pouco mais da metade da
    variação do IPCA de março (0,51%).

    Outra fonte de pressão do IPCA em março veio do grupo transportes, que subiu 1,38%, após uma queda de 0,05% em março. O repique dos preços foi provocado pela alta de passagens aéreas (26,49%), etanol (4,07%) e gasolina (0,67%).

    O resultado ficou acima das projeções de analistas, que indicavam uma taxa ao redor de 0,85% para o mês.

    VEJA A ALTA DOS ALIMENTOS

    ALIMENTO MARÇO (em %) ANO (em %) 12 meses (em %)
    Hortaliças e verduras 9,36 29,17 20,19
    Frutas 1,96 8,43 19,59
    Cafezinho 3,32 7,75 17,87
    Farinha de trigo 1,07 0,78 17,1
    Pão francês 0,68 2,7 13,82
    Iogurte e bebidas lácteas 3,12 5,39 13,39
    Lanche 1,08 3,33 12,61
    Macarrão 0,72 2,04 12,32
    Pescados 3,06 8,55 10,98
    Carnes 2,25 5,39 10,9
    Carne seca e de sol 3,57 9,1 10,12
    Refeição 1 2,85 9,67
    Leite longa vida 5,17 -4,36 9,33
    Refrigerante fora 0,95 3,04 8,45
    Pão de forma 1,09 3,03 7,23
    Ovo de galinha 8,21 9,34 6,68
    Batata inglesa 35,05 17,37 6,05
    Tomate 32,85 31,72 -6,07
    Feijão-fradinho 3,43 10,73 -9,01
    Óleo de soja 3,23 3,15 -12,14
    Cebola 2,59 23,14 -26,77
    Feijão-carioca 11,81 2,57 -30,97

    Fonte: IBGE

    PROJEÇÕES

    Apesar do consumo mais fraco diante de uma economia combalida com juros maiores e crédito em desaceleração, a inflação avança por conta do choque de preços dos alimentos, do câmbio ainda pressionado e do reajuste maior de tarifas públicas, em especial a de energia elétrica.

    Diante desse cenário, a maioria dos analistas espera um IPCA muito perto do topo da meta do governo neste ano, com alta de 6,3%.

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