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    Choque de alimentos é temporário, diz Tombini sobre inflação de março

    RAUL JUSTE LORES
    DE WASHINGTON

    10/04/2014 14h21

    O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou nesta quinta (10) de manhã em Washington que a alta da inflação se deve principalmente a "um choque temporário de preços de alimentos" e que os índices mensais de inflação vão recuar.

    "As projeções do BC dizem que vamos terminar o ano de forma compatível com o regime de metas", disse.

    Tombini disse que mais de 40% dos itens dos índices do IPCA se referem a alimentos e tentou reduzir a importância da pressão inflacionária registrada em março.

    "O número é alto, elevado, 0,92%, mas trabalhamos para que esses choques sejam temporários."

    Ele disse que a inflação de serviços vem recuando "muito gradualmente" e que "no mundo inteiro, a inflação de serviços é mais alta". "É um setor de muito dinamismo" no Brasil.

    Os comentários foram feitos após um debate sobre o impacto da expansão monetária dos EUA de que ele participou, no centro de estudos Brookings Institution, junto com o presidente do BC da Índia, Raghuram Rajan, o vice-presidente do BC europeu, Vitor Constancio, e o diretor da unidade regional de Chicago do BC americano, Charles Evans.

    O ex-presidente do BC americano, Ben Bernanke, estava na plateia e fez um comentário, dizendo que existe bastante coordenação entre os países emergentes e as autoridades monetárias americanas, crítica levantada pelo indiano.

    Editoria de Arte/Folhapress

    INFLAÇÃO

    Ontem (9), o IBGE divulgou a inflação de março, que subiu 0,92% no período e levou o índice acumulado em 12 meses para 6,15%, pressionado por alimentos, casa, saúde, educação e diversão –cujas altas já superaram o teto da meta.

    Na ata do Copom (Comitê de Política Monetária) divulgada hoje –após a alta para 11% na taxa Selic–, o Banco Central defendeu que a política monetária deve permanecer vigilante.

    O BC retirou a palavra "especialmente" que vinha sendo usada até então, e entende que uma fatia importante dos efeitos do atual ciclo de aperto monetário na inflação "ainda está por se materializar".

    Ainda argumentou que as decisões futuras serão definidas "com vistas a assegurar a convergência tempestiva da inflação para a trajetória de metas" e ressaltou que a inflação ainda mostra resistência e "ligeiramente" acima do esperado e que, neste quadro, insere-se a expectativa de inflação dos agentes econômicos.

    CREDIBILIDADE

    O índice de 0,92% reforça, na avaliação de assessores, a recomendação do ex-presidente Lula de recuperar a credibilidade da ação do governo na economia, mostra reportagem da Folha desta quinta-feira.

    Lula e o Palácio do Planalto temem o impacto da inflação elevada na popularidade da presidente Dilma no ano em que ela vai tentar a reeleição. O governo já trabalha com o cenário de que o teto da meta de inflação, de 6,5%, será superado no segundo semestre, às vésperas da eleição presidencial.

    Um cenário mais negativo na inflação pode levar o governo a postergar para depois das eleições um aumento dos combustíveis, previsto inicialmente para junho.

    Com reportagem de Brasília

    Folhainvest

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