Em reportagem publicada ontem, que inclui um vídeo, o "New York Times" destacou as megalomaníacas obras brasileiras que estão abandonadas.
De acordo com o jornal, enquanto o país se prepara para sediar a Copa do Mundo em junho, lida com uma série de atrasos nas obras que deveriam ficar prontas até o torneio, que se deve principalmente aos excessivos custos.
Ainda assim, a publicação destaca que as obras para a Copa são apenas parte de um problema nacional ainda maior: luxuosos projetos que foram concebidos quando o país vivenciava o crescimento econômico e que hoje se encontram abandonados, paralisados ou descontroladamente acima do orçamento.
Entre eles, está a construção da Transnordestina, uma ferrovia de 1.728 km que pretendia ligar o sertão do Piauí ao litoral do Ceará e de Pernambuco.
Além dela, também estão destacados na matéria os edifícios públicos de Natal (RN), projetados pelo famoso arquiteto Oscar Niemeyer, que foram abandonados logo após sua construção, e o malfadado "museu do alienígena", que começou a ser construído com recursos federais em 2007, na cidade de Varginha (MG). Os restos esqueléticos do museu atualmente se assemelham mais a um navio perdido entre ervas daninhas.
Paulo Peixoto - 8.ago.2013/Folhapress | ||
Obra do "museu do alienígena", que começou a ser construído em 2007, em Varginha (MG) |
Para o "New York Times", os empreendimentos surgiram para ajudar a impulsionar o país e simbolizam a ascensão aparentemente inexorável do Brasil. Mas, agora que o país passa por uma ressaca pós-boom, as obras expõem os líderes da nação à crítica fulminante, evidenciando gastos desnecessários e incompetência, já que, ao mesmo tempo, serviços básicos são deixados de lado. Alguns economistas dizem que os projetos problemáticos revelam burocracia paralisante, alocação de recursos e corrupção.
Além disso, grandes manifestações foram destinadas a protestar contra novos e caros estádios que estão sendo construídos em cidades como Manaus e Brasília e que devem deixar um mar de cadeiras vazias após os eventos da Copa do Mundo.
Para economistas, a forma como o Brasil está investindo pode dificultar o crescimento em vez de apoiá-lo. Autoridades incentivam empresas de energia para construir parques eólicos, mas dezenas não podem operar, já que faltam linhas de transmissão para a conexão com a rede elétrica. Enquanto isso, há ainda a preocupação com um potencial racionamento de energia elétrica, uma vez que os reservatórios das hidrelétricas enfrentam a seca.
Assista ao vídeo aqui.