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    Investimentos de Warren Buffett tiveram resultados medíocres nos últimos anos

    JEFF SOMMER
    DO "NEW YORK TIMES"

    14/04/2014 03h20

    Warren Buffett é provavelmente o mais famoso investidor de sua geração, e por bons motivos: seu histórico no longo prazo é belíssimo.

    Ele superou o mercado por larga margem em seus 49 anos de operações, histórico tão impressionante que costuma ser usado em aulas de finanças como exemplo clássico de desempenho "alfa".

    "Alfa" é a capacidade de superar os retornos de um fundo que investe em contratos de índices sem aumentar o risco da carteira. Os administradores de investimentos vivem em busca disso. Se essa qualidade existe, Buffett certamente a tem.

    Uma nova análise estatística do desempenho de Buffett no longo prazo à frente da Berkshire Hathaway acaba de ser realizada e traz novidades. Ela oferece algumas percepções fascinantes sobre as capacidades, passadas e atuais, do investidor, e sobre as chances de pessoas comuns de superar o mercado.

    Usando uma série de indicadores estatísticos, o estudo sugere que Buffett sem dúvida contou com doses impressionantes de alfa ao longo de uma carreira muito extensa.

    Mas também revela que, em quatro dos últimos cinco anos, ele se saiu pior do que um fundo comum de investimento no índice Standard & Poor's 500 -tão pior que Buffett parece ter se tornado um investidor sem alfa.

    É preciso ter cautela, tanto em relação ao desempenho muito superior ao mercado no longo prazo quanto aos resultados medíocres dos últimos anos. Os dois lados aparecem em uma análise conduzida por Salil Mehta, estatístico que foi diretor do Departamento do Tesouro americano.

    "O estudo demonstra o quanto é difícil superar sempre o mercado, mesmo para um mestre como Warren Buffett", disse Mehta.

    O estatístico não explica como Buffett se saiu tão bem no passado. Em lugar disso, destaca até que ponto Buffett é incomum.

    Entre 1965 e 2013, ele obteve retornos anuais em média 9,9% mais altos que os do S&P 500, o índice de ações que adota como referência.

    De acordo com Mehta, esses resultados fazem de Buffett membro de uma categoria quase invisível, menos de 1% dos investidores. É esse o minúsculo grupo que se provou capaz de superar o mercado por meio da qualidade alfa ao longo de 45 ou 50 anos.

    A vasta maioria de indivíduos, mesmo a maior parte dos profissionais das finanças, não tem alfa. Não importa que tenham estudado finanças, ou que contem com talento matemático prodigioso. As estatísticas apontam que é improvável que possam superar o mercado.

    Talento real para o investimento é algo tão raro que a maioria não deveria tentar imitar quem tem. A maioria também não deveria tentar contratar os poucos profissionais capazes de um desempenho superior ao do mercado para investir seu dinheiro, porque é improvável que consiga identificá-los.

    A despeito do célebre desempenho passado de Buffett, seus retornos desde o começo de 2009 vêm sendo decepcionantes. Não se sabe ao certo o que aconteceu.

    Em seu balanço, Buffett aponta que, por julgar investimentos com base no que considera seu valor intrínseco, os retornos da Berkshire Hathaway podem ficar abaixo do mercado em períodos de alta rápida das ações.

    Também afirma que vem cada vez mais optando por adquirir empresas operacionais na íntegra, em lugar de ações de empresas abertas, e como resultado a força de seus investimentos em longo prazo talvez não seja refletida pelos dados anuais.

    Mehta não arrisca um palpite, mas compara Buffett ao astro do basquete Michael Jordan. "Houve essencialmente duas carreiras", diz Mehta. "Na primeira, ele foi um superastro. E na segunda, mais tarde na vida, deixou de ser, simplesmente."

    Tradução de PAULO MIGLIACCI.

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