• Mercado

    Wednesday, 08-May-2024 09:45:41 -03

    Central sindical convoca dez categorias para discutir greve na Copa do Mundo

    CLAUDIA ROLLI
    DE SÃO PAULO

    16/04/2014 14h17

    Ao menos dez categorias profissionais ligadas à Força Sindical vão definir nesta quinta-feira (17) estratégias para negociar reajustes salariais e paralisações durante a Copa do Mundo.

    A reunião ocorre três dias após reportagem da Folha revelar no domingo, dia 13, que cerca de 4 milhões de trabalhadores (ligados a várias centrais sindicais) se mobilizam e podem decretar greves durante o evento esportivo.

    O encontro na Força Sindical vai reunir sindicatos que representam categorias que estão em sua maior parte em campanha salarial e têm data-base no primeiro semestre.

    Entre os setores que participam do movimento estão aeroviários, rodoviários, trabalhadores da construção civil, funcionários das usinas de etanol, do segmento de alimentação, eletricitários, telefônicos, servidores públicos municipais e estivadores.

    A reunião com representantes dos trabalhadores acontece às 8h na sede da central, em São Paulo.

    Até a semana passada, os protestos estavam sendo programados pelos sindicatos de forma isolada. Mas, com a proximidade da Copa do Mundo, pode ocorrer uma manifestação maior, com a participação de outras centrais sindicais, segundo a Folha apurou.

    Editoria de Arte/Folhapress

    METRÔ, TÁXIS E AEROPORTOS

    Das 16 categorias que se mobilizam e podem paralisar suas atividades durante os jogos da Copa, oito estão na área de transporte: aeroviários, metroviários, ferroviários da CPTM, motoristas e cobradores de ônibus, rodoviários, taxistas, motoboys e agentes de trânsito (marronzinhos).

    A maior parte já está em campanha, e o calendário de mobilização deve avançar com a proximidade da Copa.

    Outras, como os aeroviários (os que fazem serviços terrestres), querem um "abono-Copa", no valor de um salário nominal, para compensar jornadas mais longas. Benefício semelhante foi obtido por funcionários de empresas de ônibus de Londres durante a Olimpíada de 2012.

    Responsáveis por pequenas entregas, o principal sindicato da área, que representa os 220 mil motoboys da capital paulista, também avalia fazer greve durante os jogos.

    No setor de segurança, 9.000 policiais federais planejam parar dois dias antes de a Copa começar. O protesto deve ser referendado em assembleias previstas para ocorrer em 30 dias em 27 sindicatos da categoria no país.

    DE OLHO NO CALENDÁRIO

    Metalúrgicos, têxteis e comerciários de São Paulo devem entregar suas pautas antes ao setor patronal para evitar que, com a Copa e o calendário eleitoral, as negociações se arrastem e trabalhadores sejam prejudicados.

    "As montadoras concederam férias coletivas e licença, há impacto nas autopeças e na cadeia. A situação deste ano preocupa", diz Miguel Torres, presidente da Força Sindical.

    CENÁRIO ECONÔMICO

    Na próxima quinta-feira, dia 24, o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) faz uma apresentação simultânea em 18 cidades para discutir o atual cenário econômico com categorias que estão em campanha salarial.

    Segundo o economista José Silvestre Prado de Oliveira, coordenador de relações sindicais da instituição, a inflação mais elevada cria dificuldades para os sindicatos negociarem aumento real.

    "Em 2013, a intensidade do ganho real foi menor do que no ano anterior e diminuiu a proporção de categorias que tiveram reajustes superiores à inflação. Em 2014, o cenário se assemelha ao do ano passado. O BC projeta que a inflação fique mais próxima ao teto da meta (6,5%, segundo o IPCA) e o crescimento do país deve ser mais contido", diz Oliveira.

    Com a inflação mais elevada e o desempenho da indústria mais afetado, 87% dos 671 acordos analisados no ano passado pelo Dieese conseguiram reajustes superiores ao INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor –indicador usado nas campanhas salariais. Em 2012, esse percentual foi maior: 95% das 704 negociações avaliadas obtiveram aumentos reais.

    Além disso, seis em cada dez acordos feitos no ano passado tiveram ganho real inferior a 2% e o aumento real médio em 2013 foi de 1,25% acima da inflação, contra 1,98% no ano anterior.

    Quase 30% dos que tiveram reajuste superior ao INPC em 2012 conseguiram ganhos reais na faixa entre 2,01% e 3% acima da inflação.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024