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    Cresce número de pessoas que migraram para a inatividade

    PEDRO SOARES
    DO RIO

    17/04/2014 12h10

    A contradição de uma economia que cresce pouco e uma taxa de desemprego no menor patamar desde 2003 se explica com a saída de pessoas do mercado de trabalho. Dados do IBGE mostram que aumentou em 4,2% o contingente dos chamados inativos entre março de 2013 e o mesmo mês deste ano.

    A taxa de desemprego nas seis maiores regiões metropolitanas do país manteve a tendência de queda e fechou o mês de março em 5%. Essa é a menor taxa para o mês de março desde o início da pesquisa, em 2002. Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira.

    Os inativos são pessoas que não procuram um emprego nem estão ocupados. No intervalo de um ano, 760 mil pessoas ingressaram nesse grupo, que atingiu o número recorde de 19,1 milhões de pessoas nas seis maiores regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE.

    Os inativos cresceram num ritmo superior ao de pessoas em idade ativa (10 anos ou mais) —1,4% na comparação com março de 2013. Ou seja, a saída de pessoas do mercado de trabalho se explica para além de fatores demográficos.

    Especialistas dizem que o aumento praticamente contínuo da renda familiar nos últimos anos e a procura por maior qualificação dos jovens (que estão mais escolarizados) adiam a entrada no mercado de trabalho. O rendimento mais elevado permite também que mulheres saiam temporariamente para ter filhos, por exemplo.

    Com a economia enfraquecida, pode-se ver um movimento de menor procura por trabalho até que uma oportunidade melhor apareça. E a renda mais elevada da família permite esse suporte.

    Os dados mostram que um terço de quem está inativo tem menos de 24 anos e 64% são mulheres, perfil que reforça essa tese, segundo analistas.

    Vista por um outro ângulo, a tendência de menos pessoas no mercado de trabalho se traduz na redução por seis meses seguidos da PEA (População Economicamente Ativa), que soma os empregados e desempregados à procura de trabalho.

    Em março, a PEA caiu 0,6%, alcançando 24,138 milhão de pessoas nas seis regiões metropolitanas. Trata-se do menor valor desde março de 2012. Com a menor procura por trabalho (expressa também pela queda de 11,6% no total de pessoas desocupadas) e a migração de pessoas para a inatividade, a taxa de desemprego caiu para 5% em março, o menor nível para tal mês do ano desde 2003.

    Para o Bradesco, o "baixo patamar da taxa de desemprego nos últimos meses tem sido explicado principalmente pela retração da PEA". Assim, diz banco, a "taxa de desemprego permanece em patamar historicamente baixo", apesar da estabilidade do emprego em março.

    O Bradesco diz que a tendência da PEA foge do padrão histórico e de uma resposta "ao ciclo econômico". Em outras palavras, num momento de crise (juros mais elevados, inflação maior, crédito restrito e economia desaquecida), mais pessoas tendem a procurar emprego, voltando ao mercado de trabalho.

    Por isso, o banco prevê um aumento gradual da taxa de desemprego nos próximos meses. O banco espera um percentual entre 5,4% e 5,7%.

    RENDIMENTO

    Para o IBGE, a inflação mais elevada em março –quando o IPCA bateu em 0,92%, pico para o mês desde 2003– corroeu a renda do trabalhador, que caiu 0,3% frente a fevereiro.

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