A mudança no perfil dos empregados domésticos –mais velhos e com filhos– fez o total desses trabalhadores que dormem no emprego despencar em duas décadas.
Segundo estudo da Fundação Seade, o percentual de domésticos que morava no trabalho, que era de 22,8% em 1992 –quase um de cada quatro–, caiu para 2,2% no ano passado na Grande São Paulo.
O estudo foi feito a partir da Pesquisa de Emprego e Desemprego do Dieese (Departamento intersindical de estatísticas e estudos socioeconômicos).
Para o coordenador da equipe de análise da pesquisa, Alexandre Loloian, o desinteresse de jovens por esse tipo de emprego fez com que a idade média do doméstico aumentasse. Hoje, a maioria dos trabalhadores está na faixa dos 40 anos.
"Os jovens têm mais alternativas por causa do crescimento da economia e do setor de serviços. Esse trabalho foi deixado de lado porque não é reconhecido socialmente nem oferece perspectiva de crescimento profissional", afirma.
A pouca popularidade da ocupação fica clara no estudo. No ano passado, os domésticos correspondiam a 14% das pessoas empregadas na Grande São Paulo –no começo dos anos 1990, o percentual chegava aos 20%.
Para Loloian, outro fator que influencia a queda do número de domésticos que dormem no trabalho é o tamanho de apartamentos construídos a partir dos anos 1990.
Com a valorização imobiliária e o metro quadrado mais caro, os quartos de empregada foram sendo excluídos das plantas.
"Edifícios novos não têm espaço para a doméstica", diz.
RENDIMENTO
O estudo também indica que, em 2013, o rendimento médio por hora para diaristas e mensalistas com carteira assinada na Grande São Paulo teve a maior alta em 17 anos.
No primeiro caso, o aumento foi de 10,5%, para R$ 7,55 por hora trabalhada. No segundo, a alta foi de 9,7%, para R$ 6,15.
Os rendimentos das mensalistas sem carteira tiveram alta de 3,8%.
De acordo com Loloian, o aumento é consequência das altas do salário mínimo e do maior reajuste feito pelo Estado de São Paulo entre 2012 e 2013 em comparação com outras regiões.
Além disso, a escassez desses trabalhadores no mercado teria aumentando o poder de negociação com os patrões.
"Agora, eles podem negociar um salário melhor. Mesmo assim, o segmento ainda é o mais mal pago entre todas as atividades. É o menos valorizado", diz o pesquisador.
No começo de 2013, as três faixas do mínimo paulista passaram a ser de R$ 755, R$ 765 e R$ 775. Neste ano, há apenas duas faixas: R$ 810, para trabalhadores como domésticos e motoboys, e R$ 820, para operadores de telemarketing e cobradores de ônibus, entre outros.
Em âmbito federal, o salário mínimo em 2013 era R$ 678. Neste ano o piso nacional é de R$ 724.