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    Análise: Na negociação com banco, cliente está em posição desfavorável

    RAFAEL PASCHOARELLI
    ESPECIAL PARA A FOLHA

    27/04/2014 01h30

    A compra do imóvel costuma ser o maior investimento da vida de uma família e, por envolver valores muitas vezes elevados, o financiamento é uma peça fundamental da operação.

    Ao comparar as diferentes alternativas de financiamento imobiliário, o comprador deve se atentar para questões que não fazem parte do seu dia a dia. Aí costuma morar o perigo para os marinheiros de primeira viagem.

    O primeiro ponto a ser destacado é a assimetria de informação existente entre o banco e o cliente.

    A assimetria de informação consiste no fato de o banco saber todas os detalhes da operação de financiamento, enquanto o comprador não apenas desconhece os detalhes da operação, como não está acostumado a negociar e não sabe fazer as perguntas pertinentes.

    Enquanto o banco é um profissional na negociação, o comprador costuma ser um amador. Enquanto o banco utiliza técnica de venda, o comprador está emocionalmente influenciado pelo desejo de realizar o sonho da casa própria.

    Diante deste cenário, proponho ao comprador que faça algumas ponderações antes de assinar o contrato.

    Não basta perguntar ao gerente da instituição a taxa de juros do financiamento, é necessário saber o CET (Custo Efetivo Total). O CET é uma taxa de juros expressa ao ano contendo todos os custos da operação.

    Ainda hoje é bastante comum utilizar a técnica de atrair o consumidor usando como isca taxas baixas de juros sem evidenciar as demais tarifas da transação.

    Exemplo: o banco, por intermédio de seu gerente, pode oferecer uma taxa de juros de 6% ao ano para o financiamento de imóvel que, dependendo do valor da operação, é uma taxa considerada baixa pelo atual padrão praticado no mercado.

    Ocorre que esta aparente vantagem pode estar sendo compensada por outros encargos a serem suportados pelo comprador, que só tomará ciência quando receber o boleto discriminando custos e taxas que ele não imaginava que existiam. Neste momento, o comprador se arrependerá de não ter lido atentamente o contrato antes de assiná-lo.

    Aqui temos uma sugestão: solicite o modelo de contrato antes de negociar as condições do financiamento. Leia-o atentamente de modo que sua negociação não foque apenas na taxa de juros anunciada, mas também nos demais custos e despesas que fazem parte do contrato e que possivelmente não tenham sido mencionados verbalmente pelo gerente.

    Além dos juros, o comprador terá que arcar com gastos obrigatórios, como taxa de administração, seguro por morte e invalidez permanentes e seguro por danos físicos do imóvel. Existem ainda outras tarifas, como taxa de vistoria do imóvel e taxa relativa à verificação da situação documental.

    Por fim, se eu tivesse que passar uma única mensagem ao interessado em comprar um imóvel via financiamento, seria a seguinte: leia o contrato antes de negociar com o banco.

    RAFAEL PASCHOARELLI é professor da FEA-USP e sócio do Sistema Com Dinheiro

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