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    Inflação e dívida alteram hábitos de consumo nos supermercados

    TATIANA FREITAS
    DE SÃO PAULO

    06/05/2014 02h00

    A inflação e o elevado nível de endividamento provocam mudanças nos hábitos do consumidor, que planeja mais as suas compras para não retirar do carrinho produtos que foram incluídos no período de alta da renda.

    Fazer compra do mês, buscar embalagens econômicas e marcas mais baratas são práticas que têm se tornado mais comuns, de acordo com a Apas (Associação Paulista dos Supermercados).

    "A prioridade do consumidor é manter o seu bem-estar. Para isso, ele pode mudar alguns hábitos", diz João Galassi, presidente da Apas.

    Ele ressalta, porém, que o cliente ainda não precisou abrir mão de nenhum item por causa da inflação nos supermercados, que deve ficar em 7% neste ano, segundo previsão da própria entidade.

    Editoria de Arte/Folhapress

    O número de viagens aos pontos de venda, por exemplo, caiu de 170, em 2012, para 156 no ano passado, segundo pesquisa da Kantar Worldpanel apresentada ontem.

    A redução dos canais está relacionada com a priorização das compras: 72% das idas aos supermercados destinam-se à compra do mês ou à reposição de itens básicos.

    A menor frequência e a busca por uma boa relação custo-benefício também mudam o planejamento de fabricantes. De acordo com pesquisa da Nielsen, as opções de embalagens econômicas tiveram um aumento de 60% nas 20 categorias com maior valor de vendas. É o caso de papel higiênico, sabão em pó e cerveja, por exemplo.

    Ao mesmo tempo, cresceu a importância de embalagens menores em algumas categorias, como chocolates, suco pronto e sorvete. Esse tipo de embalagem, explica Galassi, é uma alternativa para o consumidor manter o produto no carrinho, porém com um desembolso menor.

    Outro comportamento capturado pelas pesquisas é a troca de marcas premium por outras mais baratas. Segundo Christine Pereira, diretora comercial da Kantar Worldpanel, isso acontece principalmente em alimentos de maior valor, como sucos prontos. No ano passado, as marcas de baixo preço dessa categoria apresentaram um crescimento de 25%.

    "Esse comportamento favorece a expansão das marcas próprias, que, apesar de ainda serem pouco representativas nas vendas totais, vêm crescendo", diz Christine.

    "O consumidor racionaliza sua compra para não retirar o que entrou no carrinho recentemente", acrescenta.
    faturamento

    Apesar de citar um cenário macroeconômico mais desafiador neste ano, com a desaceleração no mercado de trabalho e do aumento da renda, além da inflação, Galassi estima um crescimento real de 8% no faturamento dos supermercados paulistas, para R$ 92 bilhões neste ano.

    A Copa do Mundo, que deve elevar o faturamento do setor em R$ 1,8 bilhão, e a maior preferência do consumidor pela alimentação no lar, provocada pela inflação, sustentam o otimismo.

    Segundo Galassi, que usou dados da Nielsen, 63% dos consumidores dos supermercados afirmam diminuir gastos com refeição fora do lar para economizar. Como consequência, as vendas de frutas e vegetais e de cereais a granel crescem, para a preparação de pratos em casa.

    Folhainvest

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