• Mercado

    Tuesday, 07-May-2024 12:08:20 -03

    Dilma adia obrigatoriedade de instalação de rastreador em carro

    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA

    09/05/2014 02h00

    A pedido das montadoras, que enfrentam um período de queda nas vendas, a presidente Dilma Rousseff mandou adiar novamente a entrada em vigor da obrigatoriedade de instalação de rastreadores em carros novos.

    A decisão foi tomada durante reunião da presidente com o setor, no Palácio do Planalto, no final de abril e faz parte das medidas para atenuar a crise na indústria automobilística.

    Na próxima semana, o governo deve anunciar novas iniciativas para socorrer o setor. Uma delas é a criação de um fundo garantidor para reduzir o risco de inadimplência nos financiamentos de veículos, o que deve contribuir para reduzir o valor da entrada e aquecer as vendas.

    Segundo as montadoras, a obrigatoriedade do rastreador, dispositivo de localização de veículos, iria encarecer os carros, num momento em que o setor já reclama de alta em seus custos. Neste ano, a indústria calcula que os seus gastos subiram 5% por causa da obrigatoriedade de air bags e freio ABS, do câmbio em alta e da elevação do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).

    OPCIONAL

    O pedido de adiamento da regra, que entraria em vigor no dia 30 de junho, foi feito pelo presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Luiz Moan, à presidente com o argumento de que o mecanismo deveria ser opcional e não obrigatório.

    Durante a reunião, Dilma ligou para o ministro das Cidades, Gilberto Occhi, e orientou-o a adiar a regra. Anteontem, o Contran (Conselho Nacional de Trânsito) aprovou resolução adiando a medida por dois anos.

    A Folha apurou que a presidente concordou que o dispositivo deve fazer parte da lista de acessórios opcionais.

    Cada rastreador tem custo estimado entre R$ 700 e R$ 800. Além disso, o dono do carro precisa contratar um serviço com uma empresa de rastreamento por satélite.

    Um executivo do setor destacou que muita gente iria comprar o veículo com o dispositivo e não contrataria o serviço de rastreamento. Como opcional, diz, só vai adquirir o dispositivo quem, de fato, quiser e tiver condições de pagar pelo seu uso.

    Aprovada em 2007, a regra vem sofrendo sucessivos adiamentos. Pela decisão anterior, teria de entrar em vigor no final do ano passado, mas o prazo foi prorrogado para o final de junho de 2014. Agora, só passará a vigorar dentro de dois anos e deve deixar de ser obrigatória.

    A regra atual diz que, numa primeira etapa, pelo menos 20% dos carros novos teriam de conter o rastreador. Depois, 50% e, numa última etapa, 100% dos carros.

    Não é a primeira vez que o governo vai contra decisões do Contran que visam aumentar a segurança de veículos para atender a pressões das montadoras.

    Em 2013, o governo chegou a anunciar o adiamento da regra que tornava obrigatória a instalação de air bags e freios ABS nos veículos a partir deste ano. A reação negativa de entidades da sociedade civil fizeram o governo recuar e manter a medida.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024