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    Total global de pobres caiu pela metade, estima Banco Mundial

    DO "FINANCIAL TIMES"

    10/05/2014 03h00

    O Banco Mundial está contemplando o maior aumento de sua linha mundial de pobreza em duas décadas, depois que cálculos sobre o tamanho das economias indicaram uma redução do número de pessoas do que vivem com renda diária inferior a US$ 1,25 (R$ 2,8)

    O desaparecimento, estatístico, de metade dos pobres do planeta deriva de novas estimativas quanto à paridade de poder aquisitivo (PPP) –que corrigem as distorções refletidas nas taxas de câmbio e calculam o volume de bens e serviços que o dinheiro adquire em cada país.

    Os novos números de PPP já revelaram que é provável que a China ultrapasse os EUA como maior economia mundial até o fim deste ano.

    Os cálculos iniciais demonstram que, sob os mais recentes indicadores de PPP, o número de pessoas que vivem com menos de US$ 1,25 ao dia caiu de 1,2 bilhão a menos de 600 milhões, nos países em desenvolvimento.

    DEBATE

    Os resultados provocaram um debate ocasionalmente acalorado entre os pesquisadores quanto à validade desses números para representar com equidade a pobreza mundial.

    A questão tem grandes implicações para as políticas públicas, em um momento de debate intenso sobre o mérito da assistência dos países ricos às nações em rápido crescimento.

    Também informará a discussão sobre que objetivos devem substituir as metas do milênio das Nações Unidas para o desenvolvimento, que orientam as políticas de assistência desde 2000 e expirarão no ano que vem.

    O Banco Mundial, embora tenha advertido contra interpretações simplistas dos números, lançou uma revisão de sua linha da pobreza conduzida por um de seus principais analistas, o que traz a perspectiva de que ela seja consideravelmente elevada.

    Peter Lanjouw, o economista holandês que comanda a divisão de pesquisa da pobreza e desigualdade no Banco Mundial, disse que seus cálculos iniciais eram de que a linha da pobreza que o banco adota deveria subir de US$ 1,25 ao dia para até US$ 1,75 ao dia.

    A linha da pobreza do banco foi introduzida em 1990 e calculada em US$ 1,01 ao dia, com base nos números de PPP para 1985.

    Quando o banco a elevou a US$ 1,25 ao dia, em 2008, classificando 400 milhões a mais de pessoas nos países em desenvolvimento como extremamente pobres, sofreu pesadas críticas da parte de economistas proeminentes.

    Lanjouw enfatizou que seus cálculos eram preliminares e que uma revisão pelo banco deveria demorar pelo menos um ano.

    Mas embora uma elevação dessa ordem seja "extraordinária", Lanjouw disse também que era necessária para refletir a mudança das realidades de custo de vida para os pobres do planeta.

    ÁSIA

    Os novos números de PPP, baseados em dados de 2011, incluem revisões para cima na renda per capita das grandes economias emergentes como a China e a Índia, o que as torna estatisticamente menos pobres do que se imaginava anteriormente.

    Economistas do Centro de Desenvolvimento Mundial (CGD) e da Brookings Institution, nos EUA, constataram que, com base nos novos dados, o número de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza de US$ 1,25 ao dia caiu de quase 20% da população dos países em desenvolvimento para menos de 9%.

    Mesmo utilizando uma linha de pobreza de US$ 1,78 ao dia pelo PPP de 2011, os pesquisadores da Brookings constataram que o número de pessoas vivendo em pobreza extrema caiu em quase um terço, para 872 milhões.

    Os cálculos também mostraram uma grande mudança na distribuição populacional dos pobres. As estimativas oficiais atuais apontam que quase metade dos pobres do planeta vive no sul da Ásia e apenas um quarto deles na África subsaariana.

    Mas graças ao grande avanço da Índia, as duas regiões teriam trocado de posição, e a África hoje abriga 40% das pessoas mais pobres dos países em desenvolvimento.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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