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    Análise: Brasileiro paga mais por cerveja do que argentinos e chilenos

    RICARDO MIOTO
    DE SÃO PAULO

    14/05/2014 02h00

    No ranking do preço da cerveja, o Brasil ocupa o 49º lugar entre 125 países.

    Isso significa que, embora estejamos longe de ser uma Noruega ou uma Finlândia em taxação de bebidas, aqui a cerveja já é mais cara do que na Argentina, no México, na Colômbia e no Chile –e muito mais cara do que nos "paraísos fiscais da cevada" do leste europeu, como a República Tcheca e a Polônia.

    Não estamos entre os primeiros porque nunca adotamos em larga escala, como fizeram países da Escandinávia, aquilo que os tributaristas chamam de "sin taxes", os "impostos do pecado".

    Por lá, a tributação sobre bebidas é elevadíssima em uma tentativa de evitar o consumo abusivo e o alcoolismo, problema que assola com especial rigor os países frios.

    Luciano Veronezi/Editoria de Arte/Folhapress

    Foi isso que levou a carga da cerveja aos 55% estimados pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação. Embora alto, o valor é menor do que o de itens como videogames ou maquiagem (72% e 69%) –e não consta que o governo considere socialmente prioritário deixar as brasileiras de cara mais limpa.

    Além disso, por aqui nunca foram adotadas medidas como limitar horários de venda ou proibir o consumo de bebidas na rua. A filosofia é algo como "pagando o imposto, beba do jeito que quiser".

    A história se repete agora com a proposta elevar a tributação das bebidas para compensar os gastos com o socorro ao setor elétrico.

    CUSTOS

    A tendência natural seria que, em uma comparação internacional, o Brasil tivesse uma cerveja bastante barata.

    Além do poder de compra menor do que o dos países desenvolvidos, os custos de produção por aqui tendem a ser relativamente baixos.

    Em primeiro lugar, por causa dos insumos. As grandes marcas nacionais têm elevadas quantidades de milho em sua composição (que a indústria chama de "cereais não maltados" nas embalagens). A matéria-prima internacionalmente utilizada, porém, é a cevada, que é mais cara.

    Além disso, a maior produtora brasileira, a Ambev, é referência global em custos baixos e eficiência produtiva.

    Pressionando os preços para cima, há o fato de que o Brasil tem um dos mercados mais concentrados do mundo, justamente por causa da Ambev, que tem cerca de 70% de participação de mercado.

    Nos EUA, a empresa líder (a própria AB InBev, da qual a Ambev é subsidiária) tem menos de 50% do mercado. Na Alemanha, nenhuma empresa tem mais de 20%.

    Folhainvest

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