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    Eike Batista vai propor prazo de duas décadas para pagar credores

    RAQUEL LANDIM
    DE SÃO PAULO
    RENATA AGOSTINI
    DE BRASÍLIA

    16/05/2014 02h00

    Os credores da OSX, do empresário de Eike Batista, podem ter que aguardar pelo menos duas décadas para receber seu dinheiro de volta, apurou a Folha com executivos próximos às negociações.

    A empresa naval está em recuperação judicial desde novembro do ano passado, e suas dívidas somam R$ 4,5 bilhões.

    Centenas de credores serão afetados pela negociação, mas os principais são os bancos estrangeiros que financiaram a construção das plataformas, que representam quase R$ 2 bilhões.

    Outros credores relevantes são Banco Votorantim (R$ 555 milhões), Caixa (R$ 463 milhões) e as construtoras Acciona (R$ 300 milhões) e Techint (R$ 177 milhões). O empréstimo da Caixa tem aval dos bancos Santander e BTG.

    O prazo de pagamento constará no plano de recuperação judicial, que será entregue entre esta sexta (16) e segunda-feira pela empresa.

    Até a última quinta-feira (15), a equipe da Angra Partners, que comanda a reestruturação, ainda discutia os detalhes finais do plano. O prazo mais provável estava em 25 anos.

    Não haverá descontos imediatos na dívida a ser paga, mas ainda não está definido se vão incidir juros ou apenas correção monetária, o que poderia significar um corte importante no valor no longo prazo. A ideia também é que haja um período de carência para iniciar os pagamentos.

    O plano de recuperação terá que ser avaliado pelos credores em assembleia. Se não conseguir a aprovação da maioria, a empresa corre o risco de ir à falência. A OSX quer ganhar tempo para tentar se desfazer de seus ativos e pagar os credores.

    A companhia possui três plataformas de petróleo, que estão à venda. Os bancos estrangeiros que financiaram a construção têm preferência para receber.

    Depois que for descontado o valor devido a essas instituições, o comando da OSX estima que as plataformas possam render entre US$ 600 milhões e US$ 800 milhões.

    Os demais credores serão pagos com esses recursos e com as as receitas que virão do estaleiro da empresa no porto do Açu (RJ).

    O estaleiro hoje toca dois projetos de plataformas para a Petrobras com previsão de entrega para este ano.

    DINHEIRO NOVO

    Ao contrário da petroleira OGX, que firmou um acordo com seus principais credores para injeção de dinheiro novo antes de apresentar seu plano à Justiça, a OSX não conseguiu ainda chegar a um consenso sobre como será capitalizada. A empresa precisa de recursos para novos investimentos no estaleiro.

    O plano de recuperação irá prever apenas a possibilidade de injeções financeiras. Uma das possibilidades em estudo é emitir novas debêntures (títulos de dívida).

    Os credores que se dispuserem a colocar mais recursos terão prioridade para receber sua dívida ou podem ter um prazo de pagamento mais curto. De acordo com os credores ouvidos pela reportagem, a OSX chegou a sinalizar que o prazo de pagamento cairia para dez anos.

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