A empresa naval OSX, do empresário de Eike Batista, apresentou seu plano de recuperação nesta sexta-feira (16) à Justiça do Rio de Janeiro.
O plano prevê o pagamento de dívidas em 25 anos, como antecipou a Folha.
Não haverá descontos imediatos nos valores. O prazo longo, contudo, implicará num desconto "implícito" de mais da metade do montante que os credores vão recuperar, já que a correção monetária e os juros aplicados serão pequenos.
A companhia estabelece no plano ainda um período de carência de três anos para iniciar os pagamentos.
A empresa naval está em recuperação judicial desde novembro do ano passado, e suas dívidas somam R$ 4,5 bilhões.
Ao longo dos próximos doze meses, os credores receberão um valor mínimo. Com isso, boa parte dos pequenos fornecedores terão seus créditos quitados.
Os principais credores terão de esperar mais tempo. Na linha de frente, estão os bancos que financiaram a construção das plataformas da companhia, que cobram cerca de R$ 2 bilhões.
O grupo de grandes credores inclui ainda Banco Votorantim (R$ 555 milhões), Caixa (R$ 463 milhões) e as construtoras Acciona (R$ 300 milhões) e Techint (R$ 177 milhões). O empréstimo da Caixa tem aval dos bancos Santander e BTG.
O plano de recuperação terá que ser avaliado pelos credores em assembleia. Se não conseguir a aprovação da maioria, a empresa corre o risco de ir à falência. A OSX quer ganhar tempo para tentar se desfazer de seus ativos e pagar os credores.
A companhia possui três plataformas de petróleo, que estão à venda. Os bancos estrangeiros que financiaram a construção têm preferência para receber.
Depois que for descontado o valor devido a essas instituições, o comando da OSX, cuja reestruturação está a cargo da Angra Partners, estima que as plataformas possam render entre US$ 600 milhões e US$ 800 milhões, apurou a Folha.
Os demais credores serão pagos com esses recursos e com as receitas que virão do estaleiro da empresa no porto do Açu (RJ). O estaleiro atualmente toca dois projetos de plataformas para a Petrobras com previsão de entrega para este ano.
DINHEIRO NOVO
Ao contrário da petroleira OGX, que firmou um acordo com seus principais credores para injeção de dinheiro novo antes de apresentar seu plano à Justiça, a OSX não conseguiu ainda chegar a um consenso sobre como será capitalizada. A empresa precisa de recursos para novos investimentos no estaleiro.
A empresa espera chegar nas próximas semanas a um acordo para a injeção de dinheiro novo. Se isso acontecer, o plano de recuperação será corrigido. Está descartada, porém, o aporte financeiro por parte de Eike, que pode ser diluído.
Os credores que se dispuserem a colocar mais recursos terão prioridade para receber sua dívida ou podem ter um prazo de pagamento mais curto. De acordo com os credores ouvidos pela reportagem, a OSX chegou a sinalizar que o prazo de pagamento cairia para dez anos.