• Mercado

    Friday, 17-May-2024 07:50:06 -03

    Mercado vê Selic em 11% ao ano, mas espera nova alta após eleições

    DE SÃO PAULO

    28/05/2014 12h00

    O fraco desempenho da economia brasileira deve influenciar o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) nesta quarta-feira (28) a interromper o ciclo de aperto monetário iniciado em abril do ano passado para combater a inflação.

    Esta é a análise de economistas ouvidos pela Folha, que, mesmo apostando na manutenção do juro básico (Selic) em 11% ao ano nesta noite, dizem que pode haver novas elevações após a eleição presidencial de outubro.

    "Especialmente porque muitos reajustes de preços indispensáveis foram segurados para este período, como nos combustíveis, por exemplo", diz Julio Hegedus, economista-chefe da consultoria Lopes Filho.

    Caso se confirme, a decisão significa uma pausa após nove altas seguidas na taxa, principal arma usada pelo governo para controlar a inflação.

    A avaliação é que uma nova alta da Selic poderia deixar o país bem perto da recessão, principalmente devido à previsão de fraco crescimento nos primeiros três meses do ano.

    O indicador de atividade do Banco Central –que já foi tido como uma prévia do PIB, mas deixou de se ser considerado após ter descolado dos números oficiais do IBGE– registrou avanço de 0,29% nos três primeiros meses do ano, na comparação com o quarto trimestre de 2013.

    A previsão dos analistas é que o PIB (Produto Interno Bruto) mostre um crescimento de até 0,5%, após avançar 0,7% no quarto trimestre do ano passado.

    "Insistir no aperto, buscando aproximar as expectativas do centro da meta, jogaria a economia na recessão –cenário indesejado em um ano eleitoral", afirma em relatório Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos.

    É a mesma avaliação de Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil. "A decisão pela pausa no ciclo de aperto monetário iniciado em abril do ano passado deve se pautar nos sinais recentes de esfriamento da atividade econômica e na desaceleração, ainda que apenas na base mensal, da inflação", indica, em relatório.

    Pesquisa realizada pela Bloomberg reforça essa percepção. De 53 economistas consultados, apenas sete apostam em alta de 0,25 ponto percentual na reunião desta quarta, o que elevaria a Selic a 11,25% ao ano. O restante vê manutenção da taxa nos atuais 11% ao ano.

    PERSPECTIVAS

    Embora os últimos dados apontem para um leve recuo nos preços, especialistas dizem que a inflação não pode ser desprezada. Em maio, o IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial, avançou 0,58%. Em 12 meses, esse indicador avança 6,31%.

    Para o mercado, a inflação permanece perigosamente perto do teto da meta estabelecida pelo governo, que é de 6,5% ao ano, e bem acima do centro definido, de 4,5%.

    "Em que pese a deflação dos alimentos no atacado e a sazonalidade favorável no varejo no meio de ano, nossas estimativas ainda apontam a aceleração do IPCA [índice oficial de inflação] para além do teto da meta a partir do segundo semestre do ano", diz, em relatório, a equipe de análise do Banco Pine.

    E isso poderia levar a uma retomada do ciclo de aperto monetário após as eleições de outubro ou nos três primeiros meses de 2015.

    A própria pesquisa Focus, do Banco Central, já aponta nessa direção. A projeção das instituições financeiras consultadas pela autoridade para a Selic é de 11,25% ao ano.

    "O ciclo de alta dos juros terminou por ora. Com a inflação ainda distante da meta, o movimento de ajuste monetário terá que ser retomado mais à frente, provavelmente após as eleições. Em nosso cenário básico, a alta ocorreria em dezembro, continuando ao longo de 2015, estabilizando a Selic em 13%", afirma Rosa.

    A avaliação é corroborada pelo comitê de acompanhamento macroeconômico da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

    "O mais importante é que ninguém vê corte na Selic no ano que vem, mas sim uma interrupção este ano. A inflação está pressionada. Mesmo com a atividade fraca, ainda é alta e precisa da taxa de juros para que, ao longo do tempo, convirja para o centro da meta", avalia Fernando Honorato, vice-presidente do comitê.

    A mediana –tendência central entre os economistas consultados– da Selic projetada pelo comitê para 2015 é de 12,25% ao ano.

    Folhainvest

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024