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    Indústria e comércio comentam manutenção da Selic em 11%

    DE SÃO PAULO

    28/05/2014 21h09

    Representantes da indústria, do comércio e de organizações trabalhistas repercutem na noite desta quarta-feira (28) a decisão do Banco Central de manter o juro básico da economia brasileira, a taxa Selic, em 11% ao ano.

    Depois de elevar nove vezes seguidas a taxa, que havia caído para um dígito em março de 2012 (de 10,5% para 9,75% ao ano), o BC decidiu encerrar o ciclo de aperto monetário.

    A pausa, porém, não deve durar muito. Alguns analistas já projetam novo aumento no final deste ano, após as eleições a serem realizadas em outubro.

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    Veja o que cada instituição comentou sobre a manutenção da Selic:

    FIESP E CIESP

    Para a Federação e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, a manutenção da taxa Selic será prejudicial à retomada das atividades de indústria, comércio e serviços, que "já sentem a redução do volume de vendas".

    "A manutenção da taxa de juros em patamar tão elevado diante de uma economia em desaceleração e um crescimento anêmico mostra como a política monetária está descolada da realidade do Brasil", disse, em nota, o presidente das entidades, Paulo Skaf.

    Skaf disse que a inflação dá sinais de recuo e, por isso, os juros nesse patamar são contrários aos objetivos investimento, a produtividade e a manutenção de empregos.

    FIRJAN

    A Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) considerou o fim do ciclo de aperto monetário uma decisão "acertada", dado a diminuição do ritmo de crescimento da economia e a desaceleração do consumo das famílias.

    "Assim, será possível avaliar seus efeitos sobre a atividade e a inflação. No entanto, para que a inflação de fato arrefeça nos próximos meses é imprescindível a colaboração da política fiscal através da redução dos gastos públicos, em especial os de natureza corrente."

    FECOMERCIO

    A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo entende que, com a medida, os membros do Copom sinalizam "que as altas seguidas dos juros começaram a surtir efeito no combate da inflação". A entidade diz que o ciclo de aumentos foi um "remédio necessário".

    "Apesar disso, os riscos não foram completamente eliminados. O Brasil conta, pelo menos por enquanto, com o benefício do excesso de liquidez internacional, permitindo a manutenção de deficit em transações correntes de 4% do PIB sem grandes efeitos negativos."

    "O sucesso desse processo de combate à inflação ainda levará um tempo e requer postura firme do Copom, inclusive com a retomada de eventual ciclo de altas da Selic, caso seja necessário", informou a entidade em nota.

    CONTRAF-CUT

    A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) criticou a manutenção da taxa básica de juros.

    "O Copom deixou escapar uma boa oportunidade para baixar a Selic e estimular o crescimento econômico, além de forçar uma queda dos juros e dos spreads dos bancos, a fim de baratear o crédito e incentivar o emprego e a distribuição de renda, visando o desenvolvimento do país", disse o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, em nota.

    "As altas taxas da Selic para controlar a inflação só têm beneficiado os bancos, os rentistas e grandes especuladores financeiros", disse.

    ABAD (ATACADISTAS)

    Para a Abad (Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores), a manutenção do juro básico corresponde às expectativas do mercado e à percepção de que uma nova alta pode "acabar por estrangular a economia".

    Segundo José do Egito Frota Lopes Filho, presidente da entidade, o segmento aprova a manutenção, mas faz ressalvas sobre sua eficácia.

    "O controle da inflação é importante, mas a manutenção de um patamar de juros mais civilizado é uma necessidade para que se consiga retomar a eficiência dos setores produtivos", disse por meio de nota.

    FORÇA SINDICAL

    A Força Sindical considerou "equivocada" e "nefasta" a decisão do BC, porque a manutenção da taxa de juros prejudicaria os trabalhadores.

    O presidente da entidade, Miguel Torres, disse, em nota, que "fica evidente a opção da equipe econômica do atual governo de continuar privilegiando os especuladores, deixando em segundo plano a produção e a geração de empregos."

    "O desempenho pífio da economia, que tem registrado índices medíocres, é resultado de uma política econômica equivocada, que mantém os juros em patamares proibitivos para o setor produtivo."

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