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    Sob Dilma, Brasil cresce menos da metade da média emergente

    GUSTAVO PATU
    DE BRASÍLIA

    01/06/2014 02h00

    O Brasil acumulará no governo Dilma Rousseff um crescimento econômico inferior à metade da média dos países emergentes e pobres, mostram dados do FMI (Fundo Monetário Internacional).

    Numa sinal de que os motivos da freada doméstica não se limitam aos impactos da crise internacional, o desempenho brasileiro é o pior entre os principais países fora do mundo desenvolvido.

    Considerando as projeções em vigor até o início da semana passada, Dilma encerrará seu mandato com uma expansão média anual de 2% do Produto Interno Bruto.

    Essa estimativa, que pressupõe alta de 1,6% neste ano, já se tornou otimista depois da divulgação, nesta sexta-feira (30), da taxa de apenas 0,2% de crescimento do país no primeiro trimestre.

    NO FIM DA FILA

    São taxas abaixo dos padrões de economias de renda média e baixa, mesmo num cenário global de desaceleração generalizada em razão da crise originada nos Estados Unidos e na Europa.

    No mesmo período, de 2011 a 2014, o crescimento médio estimado para os países emergentes e pobres é de 5,2% ao ano, de acordo com os dados do FMI.

    O percentual é puxado por China e Índia, que têm grande peso no PIB do grupo e renda por habitante inferior à do Brasil. Mas, mesmo tirando os dois gigantes da conta, os números brasileiros destoam dos demais.
    Estão abaixo da média dos vizinhos latino-americanos e até de países mais afetados diretamente pela crise global que começou em 2008, como os EUA e o Canadá.

    No G20, que reúne as principais economias do mundo, o país ostenta um modesto 14º lugar no ranking do crescimento, atrás de todos os emergentes -China, Índia, Indonésia, Arábia Saudita, Turquia, Argentina, México, África do Sul e Rússia.

    DESCOMPASSO

    Em boa parte, o descompasso brasileiro tem origem no sucesso inicial da estratégia adotada pela administração petista para enfrentar a parada da economia global.

    A partir do final de 2008, quando o comércio e o crédito internacional sofreram um colapso, o governo relaxou a ortodoxia econômica, reduziu os juros, elevou os gastos públicos e turbinou a concessão de crédito por meio dos bancos estatais.

    Consumidores, empresários e investidores reagiram aos estímulos: em 2010, o crescimento do PIB atingiu 7,5%, o que ajudou a eleger Dilma e a disseminar o otimismo doméstico e estrangeiro com o futuro do país.

    O superaquecimento daquele ano trouxe como efeito colateral uma aceleração da inflação a ser combatida no início do mandato da presidente; no entanto, o ajuste foi interrompido logo.

    No início do segundo semestre de 2011, quando a piora da economia europeia abalou o cenário internacional, o governo voltou à receita que havia funcionado antes.

    Em consequência, a inflação elevada e a deterioração das contas públicas se tornaram permanentes, alimentando a desconfiança de empresários e investidores na política econômica.

    Dilma conseguiu manter taxas favoráveis de emprego e redução da pobreza, mas os investimentos necessários para elevar a capacidade produtiva do país minguaram.

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