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    Governo anuncia pacote para estímulo do mercado de capitais

    TONI SCIARRETTA
    DE SÃO PAULO

    16/06/2014 11h28

    O ministro Guido Mantega (Fazenda) anunciou nesta segunda-feira (16) uma série de medidas para incentivar a entrada de pequenas empresas na Bolsa.

    A principal é a isenção de Imposto de Renda para quem comprar ações de companhias com faturamento de até R$ 500 milhões por ano e valor de mercado abaixo de R$ 700 milhões.

    O incentivo vale apenas para as operações de abertura de capital até 2023.

    "Essas empresas têm vocação para crescer. Isso só é possível se elas tiverem acesso a um capital mais barato", disse Mantega.

    O governo também estendeu o período de validade para a emissão de debêntures (título de dívida privada) de infraestrutura com isenção tributária. O prazo ia até 2015 e agora vale até 2020.

    COME-COTAS

    Os fundos eletrônicos e renda fixa negociados na Bolsa, conhecidos como ETFs, também não terão come-cotas.

    Principal entrave operacional para negociar esses fundos na Bolsa, o come-cotas é um adiantamento do Imposto de Renda que incide duas vezes ao ano e reduz o número de cotas do investidor.

    A tributação será feita de acordo com o prazo, com alíquota 15% a 22,5%.

    MAIS SIMPLES

    Outra medida é a simplificação do recolhimento do IR para ganho na Bolsa, que deve ser feito mensalmente pelo investidor. Os detalhes sairão em 90 dias.

    Nas ofertas de pequenas empresas, o BNDES garantirá a compra de 20% das ações. O banco estatal tem R$ 1 bilhão para incentivar a capitalização dessas empresas. "Queremos escancarar as portas para pequenas e médias empresas acessarem o mercado de capitais", disse Luciano Coutinho, presidente do BNDES.

    A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) também flexibilizou as regras de divulgação de comunicados ao mercado, com objetivo de reduzir os custos dessas empresas.

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    PEQUENA EMPRESA, GRANDE RETORNO

    Pequena empresa
    Objetivo: atrair empresas com faturamento de menos de R$ 500 mi e valor de mercado inferior a R$ 700 mi a abrirem capital na Bolsa. O BNDES comprará 20% das ações nas novas aberturas de capital

    Como era

    • Ganho de capital tem alíquota de 15% do retorno como as demais empresas
    • Empresa tinha praticamente as mesmas obrigações de transparência que as de maior porte

    Como será

    • Alíquota de IR cai de 15% para 0%
    • Divulgação de comunicados ao mercado poderá ser feita pela internet
    • BNDES comprará 20% das ações nas novas aberturas de capital

    *

    Títulos de infraestrutura
    Objetivo: estender o prazo para emissão de papéis e ampliar escopo de setores beneficiados com isenção de IR para títulos com mais de quatro anos

    Como era

    • Emissões tinham de ocorrer até final de 2015
    • Setores beneficiados eram apenas transporte, logística, energia, mobilidade urbana, telecomunicações, radiodifusão, irrigação e saneamento

    Como será

    • Emissões podem ocorrer até final de 2020
    • Estendido também para saúde, educação, recursos hídricos e meio ambiente

    *

    ETF (Fundos Negociados como Ações na Bolsa) de renda fixa
    Objetivo: fomentar novo investimento, que tem baixo custo de administração

    Como era

    • Não existia ETF de renda fixa; fundos similares dos bancos têm come-cotas (mecanismo de adiantamento de IR que reduz as cotas do investidor) e IR com alíquota de 15% a 22,5%, dependendo do prazo

    Como será

    • ETF de renda fixa não terá come-cotas; imposto terá as mesmas alíquotas (15% a 22,5%) da renda fixa, paga no momento de resgate

    *

    Evolução no número de estabelecimentos no Brasil por porte

    Micro e pequenas empresas, em milhões Médias e pequenas empresas, em milhões
    2002 4,8 0,03
    2007 5,6 0,05
    2012 6,3 0,07

    Número de estabelecimentos no Brasil, segundo o porte

    • Microempresa sem empregados: 3,9 milhões
    • Microempresa com empregados: 2,1 milhões
    • Pequena empresa: 362,1 mil
    • Média e grande empresa: 63 mil

    Atividades a que se dedicam as micro e pequenas empresas, em %

    • Comércio: 49,4
    • Serviços: 34,6
    • Indústria: 10,8
    • Construção Civil:

    *Dados de 2012 (últimos disponíveis)

    Fontes: Ministério da Fazenda, BM&F Bovespa, Sebrae e Dieese

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