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    Brasil vai usar visita chinesa para vender carne e avião

    FLÁVIA FOREQUE
    RENATA AGOSTINI
    DE BRASÍLIA

    18/06/2014 02h00

    O governo quer aproveitar a visita de Estado do líder chinês Xi Jinping, em julho, para fechar negócios e destravar temas da pauta econômica entre os dois países.

    Há hoje uma preocupação em diversificar as vendas para o gigante asiático, principal destino das exportações do país desde 2009, quando a China desbancou os Estados Unidos como maior comprador de produtos brasileiros no exterior.

    "Há concentração na venda de commodities [produtos básicos]. Com muitos ovos numa cesta só, o país fica sujeito a flutuações", diz o embaixador Francisco Brasil de Holanda, diretor do departamento da Ásia do Leste no Itamaraty e responsável por parte dos preparativos para a visita da comitiva chinesa.

    Soja e minério de ferro representaram mais de 70% do que o Brasil vendeu para a China no ano passado.

    Por isso, além de estreitar as relações diplomáticas com o parceiro, uma das prioridades é enfim viabilizar a venda de 40 aviões da Embraer para o mercado chinês.

    Os contratos foram firmados ainda em 2011, mas até hoje não houve autorização oficial para que a operação fosse concretizada.

    O governo quer ampliar o contato entre o empresariado dos dois países. Espera-se que a comitiva de Xi Jinping traga também executivos chineses "de peso".

    "O produtor brasileiro ainda olha muito para o próprio umbigo. Até 2020, mais de 100 milhões de chineses sairão da pobreza. É um mercado enorme", disse o embaixador brasileiro.

    Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

    POTENCIAL

    Uma das áreas que o Brasil vê grande potencial de crescimento é o da indústria criativa, com aumento das vendas das indústrias gráfica, de audiovisual, de design e moda.

    Segundo o Itamaraty, entre os tópicos que também devem ser tratados durante a visita, está a liberação da venda de carnes bovinas, bloqueada desde o fim de 2012 diante das notícias de um caso da doença conhecida como "vaca louca" no Paraná.

    Apesar de ter sido um caso isolado e fruto de uma mutação genética, o que afastou o risco de contágio em outros animais, a China manteve a barreira desde então.

    O mercado chinês de carnes bovinas ainda é pequeno, mas o aumento das vendas para Hong Kong no ano passado, que funciona como porta de entrada para a Ásia, mostra quão lucrativo pode ser o fim do embargo, afirma Brasil de Holanda.

    SIMBOLISMO

    Há a expectativa ainda de que haja a confirmação de investimentos brasileiros no país asiático. A fabricante de caminhões Marcopolo, por exemplo, aguarda autorização para instalar fábrica de veículos na China.

    A vinda de Xi Jinping, que participará da cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul) e deve assistir a final da Copa do Mundo no Maracanã, tem grande caráter simbólico. A visita, a primeira dele no posto de líder, marcará os 40 anos das relações entre Brasil e China.

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