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    Ministério de Economia da Argentina diz que país não pagará parte da dívida

    FELIPE GUTIERREZ
    DE BUENOS AIRES
    ISABEL FLECK
    DE NOVA YORK

    18/06/2014 23h49

    O Ministério de Economia da Argentina publicou na sua página na internet na noite desta quarta-feira (18) que não irá pagar uma parcela de sua dívida que vence no dia 30 de junho.

    O calote se deve, segundo o texto do governo, à regra que impede que a Argentina efetue no próximo dia 30 de junho o pagamento dos juros dos títulos da dívida em cumprimento aos seus credores reestruturados a menos que, simultaneamente, pague a totalidade do valor reclamado pelos fundos "abutres".

    Fundos "abutres" é como o governo chama o grupo de investidores que comprou papéis da dívida, após o país ter dado calote, em 2001.
    Segundo o comunicado, o governo quer pagar os detentores de títulos que foram reformulados em 2005 e 2010 –quando o país chegou a um acordo com cerca de 92% do seus credores, após o calote do início da década passada.

    Antes do anúncio, na tarde de quarta, a proposta do governo de Cristina Kirchner de uma nova troca de títulos da dívida pública da Argentina, para que ficasse sob a lei do país sul-americano, foi rechaçada por um juiz federal de Nova York.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Para o juiz Thomas Griesa, o mecanismo violaria uma decisão tomada por ele mesmo, em 2012, para que a Argentina pagasse US$ 1,3 bilhão a credores nos Estados Unidos que não aceitaram a reestruturação da dívida em 2005 e 2010.

    Esse montante, no entanto, pelas contas do governo Cristina, pode chegar a US$ 15 bilhões se levar em conta todos os credores que não aceitaram o acordo.

    O valor é mais da metade das reservas do país, de US$ 28 bilhões, e pode subir ainda mais caso ele seja ampliado para aqueles que fizeram a reestruturação –hipótese que não é descartada pela Casa Rosada.

    Durante audiência com advogados das duas partes em Nova York, o juiz deixou claro que não confia na "boa-fé" da presidente argentina, citando um pronunciamento feito por ela em rede nacional na segunda-feira (16).

    "Foi mais do que um discurso político (...) Ela não me passou confiança sobre sua sua boa-fé em cumprir o pagamento de todas as suas obrigações", disse.

    Na TV, Cristina havia dito que o país sempre teve "vocação de pagar" seus credores, mas também não aceitará "extorsões".

    O discurso da presidente veio em resposta à decisão da Suprema Corte americana, que recusou, na segunda (16), o apelo do governo argentino pela revisão de determinações de instâncias inferiores a pagar a dívida.

    Na próxima semana, o governo argentino pretende enviar representantes a Nova York para negociar com os credores, como o fundo de investimento NML, segundo Carmine Boccuzzi, advogado da parte argentina disse ao fim da reunião de quarta.

    Se houver realmente uma negociação, será um concessão importante por parte de Buenos Aires. Na terça-feira (17), o ministro da Economia do país vizinho, Axel Kicillof, chegou a descartar tal possibilidade.

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