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    Com a entrega de cartas cada vez menor, Correios têm problema de eficiência e mudam o foco

    RENATA AGOSTINI
    DE BRASÍLIA

    22/06/2014 02h00

    Entregando cartas e pequenas encomendas, os Correios transformaram-se numa das maiores empresas do país. Nunca foi tão difícil, contudo, manter tal posição.

    O principal negócio da companhia —a distribuição de correspondências— míngua a cada dia, e a estatal, com isso, passou a enfrentar uma crise de eficiência.

    Desde 2009, as receitas cresceram 35%, chegando a R$ 16,7 bilhões, mas os custos aumentaram 60%. No ano passado, o lucro foi de parcos R$ 300 milhões, uma forte queda ante o mais de R$ 1 bilhão obtido em 2012.

    "O resultado neste ano será igual ou até mais baixo", diz Wagner Pinheiro, presidente dos Correios, à Folha. "Mudamos de patamar. Fazíamos investimentos muito baixos e estávamos ficando com uma estrutura cada vez mais velha. Revertemos isso."

    A estatal sabe que, daqui para frente, será preciso cortar gastos, elevar investimentos e, por fim, mudar completamente a cara do negócio.

    Neste ano, a meta é reduzir em R$ 600 milhões as despesas, o equivalente a mais de 20% dos gastos de 2013.

    Para isso, a empresa contratou a consultoria de Vicente Falconi, uma espécie de guru da gestão no país. Pagou quase R$ 30 milhões para aprender a não gastar tanto. "Vamos rever a contratação de fornecedores, os serviços de terceiros, renegociar contratos. Apertar os cintos de verdade", diz Pinheiro.

    NOVO FOCO

    Para sobreviver, não bastará, porém, tornar-se uma estatal mais enxuta. A ideia é transformar os Correios numa companhia de logística, aproveitando a expansão do comércio eletrônico no país.

    A estatal já mantém parcerias com varejistas como Magazine Luiza e Ponto Frio, mas quer avançar no segmento com a marca Correios Cargo. Em análise, está a chegada de um sócio para ajudar a companhia nos planos de expansão. "É um mercado potencial de mais de R$ 150 bilhões ao ano", diz Pinheiro.

    Segundo ele, mais de 70% das receitas dos Correios virão do segmento de logística e entrega de encomendas no futuro. O restante deve vir de produtos financeiros, serviços postais eletrônicos e até mesmo da telefonia móvel.

    A ideia é que os novos braços de atuação sejam explorados sempre com um sócio. Os investimentos no Banco Postal, que passará a oferecer crédito neste ano, serão feitos com o Banco do Brasil.

    A entrada no segmento de certificação digital, e-mail e digitalização de documentos acontecerá em parceria com a Valid, que atua no segmento de meios de pagamento, como produção de cartões.

    Já a incursão em telefonia ocorrerá com a Poste Italiane, os correios da Itália. A estatal espera começar a vender seus primeiros chips de celular ainda em 2014. Será uma "operadora virtual", utilizando a infraestrutura de uma empresa de telefonia já estabelecida no país.

    Os investimentos, contudo, só devem começar a refletir no resultado da companhia em 2016.

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