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    Investimento por meio de 'vaquinha' começa a funcionar

    FELIPE MAIA
    EDITOR-ADJUNTO DE "CARREIRAS"

    23/06/2014 02h00

    O "equity crowdfunding", uma espécie de "vaquinha" entre pequenos investidores para a compra de participações em empresas iniciantes, está dando os primeiros passos no Brasil. Neste mês, a primeira companhia conseguiu captar dinheiro pelo sistema.

    Trata-se do Broota, que levantou um total de R$ 200 mil com 28 pessoas. A empresa é, ela mesma, uma plataforma que pretende intermediar esse tipo de operação. Os investidores desembolsaram em média R$ 7.000 em troca de títulos de dívida da companhia que podem ser convertidos em ações no futuro.

    "No começo, a pessoa é credora apenas. Não corre o risco de possíveis passivos trabalhistas [caso o negócio quebre] e tem a opção de virar sócio", afirma Frederico Rizzo, cofundador do Broota.

    Davi Ribeiro/Folhapress
    Frederico Rizzo, do Broota, 1ª empresa a levantar dinheiro pelo 'equity crowdfunding'
    Frederico Rizzo, do Broota, 1ª empresa a levantar dinheiro pelo 'equity crowdfunding'

    Esse sistema de captação de recursos é visto por seus defensores como alternativa para pequenas empresas obterem recursos quando estão no começo, ainda sem condições de atrair investidores mais tarimbados e fundos.

    Internacionalmente, a principal plataforma desse tipo é a britânica Crowdcube, que desde fevereiro de 2011 arrecadou o equivalente a R$ 105 milhões de 76,8 mil investidores em 126 ofertas.

    O Brasil ainda não tem normas específicas para esse tipo de operação. Por fazer uma emissão de títulos de empresa de pequeno porte, o Broota foi dispensado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que regula o mercado de capitais, de fazer o registro de oferta.

    REGRAS

    Antonio Berwanger, gerente de aperfeiçoamento de normas da CVM, diz que o órgão avalia se vai regulamentar o "equity crowdfunding". "Eu acho que deveria", afirma.

    Adolfo Melito, consultor em economia criativa da Fecomercio-SP, que fomenta o tema, afirma que uma associação de integrantes do segmento vai propor uma autorregulamentação.

    Segundo Berwanger, um dos pontos que deveria ganhar diretrizes é quem pode ser investidor.

    No Broota, podem participar pessoas que tenham ao menos R$ 300 mil em ativos financeiros. Rizzo diz que o objetivo é atrair investidores qualificados, que tenham conhecimento de mercado, já que se trata de uma aposta de risco alto —a probabilidade de a empresa quebrar e o dono do título perder o dinheiro é bem considerável.

    Na EuSocio, outra plataforma de investimento coletivo, a proposta não é limitar os investidores pela renda, para que haja mais pessoas interessadas. Mas, antes de se cadastrar, é preciso responder a dez perguntas que indicam se o usuário entende como funciona a operação e os riscos envolvidos.

    Cerca de mil pessoas estão cadastradas para fazer aportes. A expectativa de João Falcão, 35, fundador da empresa, é colocar as primeiras ofertas no dia 18 de julho. O máximo captado será de
    R$ 2,4 milhões por ano para cada empresa.

    Na plataforma, as companhias, que devem faturar até R$ 3,6 milhões por ano, vão emitir contratos de opção de participação na companhia, que podem se transformar em participação societária caso o negócio dê certo.

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