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    País teve vários planos econômicos para controlar a inflação; conheça

    DE SÃO PAULO

    30/06/2014 01h30

    O real, moeda que completa 20 anos de circulação nesta terça-feira (1º), fez parte de um plano para controlar a inflação.

    Antes da implementação do Plano Real, pelo governo do então presidente Itamar Franco, outros planos tentaram controlar a alta dos preços, sem sucesso.

    Alguns planos alteraram a moeda em circulação no país. O primeiro deles foi o Plano Cruzado, de 1986, que trocou o cruzeiro, então moeda oficial, pelo cruzado.

    Confira, abaixo, as medidas implantadas desde a redemocratização do país para tentar segurar a inflação.

    Editoria de arte/Folhapress

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    CRUZADO
    Lançado em 28 de fevereiro de 1986
    Presidente José Sarney (PMDB)

    A principal marca foi o congelamento de preços. Alimentos, combustíveis, produtos de limpeza, serviços e até o dólar tiveram os preços tabelados pelo governo. A moeda também mudou: abandonou-se o cruzeiro e adotou-se o cruzado (1.000 cruzeiros = 1 cruzado).

    O plano foi concebido por economistas que mais tarde desenvolveriam o Plano Real. O diagnóstico era que a inflação no país era inercial, ou seja, os preços eram reajustados tentando recompor a inflação passada, criando uma espiral de aumentos.

    O congelamento seria um dos instrumentos para quebrar essa lógica. Acabou sendo o único. Sem redução dos gastos do governo, a demanda cresceu e o consumo explodiu. Em pouco tempo, passou a faltar produtos nos supermercados e o governo lançou mão até da "desapropriação" de bois no pasto para tentar atender o consumidor.

    Expirou no segundo semestre de 1986.

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    CRUZADO 2
    Lançado em 22 de novembro de 1986
    Presidente José Sarney (PMDB)

    Após vitória nas eleições estaduais, o governo anuncia ajustes no Plano Cruzado. A principal marca do Cruzado 2 foi a tentativa de controlar o consumo e o deficit público, com o aumento de tarifas e de impostos.

    Automóveis foram reajustados em 80%, o combustível, em 60% e a energia elétrica, em 35%. Os demais preços continuariam congelados, mas a população já pagava ágio para comprar alguns itens que haviam sumido do mercado, como carne.

    A tentativa de ajuste não duraria muito tempo.

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    BRESSER
    Lançado em 12 de junho de 1987
    Presidente José Sarney (PMDB)

    O Plano Bresser faz novo congelamento de preços, dessa vez com validade de três meses. Extingue o gatilho, criado no Cruzado, que aumentava os salários sempre que a inflação chegasse a 20%.

    Desvaloriza, de imediato, a taxa de câmbio em 10%, com o objetivo de aumentar as exportações e obter receita em dólares, essenciais após a moratória da dívida externa, anunciada naquele ano.

    O pacote previa ainda um corte no deficit público, que representava redução de despesas, que não foi adiante. Sem respaldo, o então ministro Luiz Carlos Bresser Pereira deixa o Ministério da Fazenda em dezembro, com a inflação em 363%.

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    PLANO VERÃO
    Lançado em 16 de janeiro de 1989
    Presidente José Sarney (PMDB)

    O governo Sarney anuncia o terceiro congelamento de preços, dessa vez com prazo indefinido, e troca a moeda para o cruzado novo (1.000 cruzados = 1 cruzado novo).

    Também eleva a taxa de juros e propõe corte de gastos do governo. Tenta eliminar a correção monetária extinguindo as OTNs (Obrigação do Tesouro Nacional), porém em poucos meses, com a persistência da escalada da inflação, um novo índice de reajuste para contratos foi criado.

    Aos poucos, os preços são descongelados e a inflação alcança 1.972% ao fim do ano.

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    COLLOR 1
    Lançado em 16 de março de 1990
    Presidente Fernando Collor de Mello (PRN)

    A moeda troca de nome e volta a se chamar cruzeiro, dessa vez sem corte de zeros. A principal marca do plano foi o "confisco" das poupanças, contas correntes e outros ativos financeiros.

    O diagnóstico era que a inflação deveria ser contida com a limitação brusca de recursos em circulação na economia, com o corte de gastos do governo e dos poupadores. Preços são congelados, salários passam a ser corrigidos pela previsão de inflação do mês seguinte.

    O governo anuncia ainda que facilitaria a entrada de importados. As medidas levam a economia à retração e abatem a arrecadação de impostos do governo. Ações na Justiça permitem a liberação parcial de recursos bancários e a inflação volta a acelerar.

    *

    COLLOR 2
    Lançado em 31 de janeiro de 1991
    Presidente Fernando Collor de Mello (PRN)

    Governo anuncia congelamento de preços e contenção de salários. Buscaria ainda medidas para incentivar a produção, afetada no Collor 1.

    Para tentar desestimular a indexação, extingue o overnight (aplicações de curtíssimo prazo que tinham como objetivo preservar os investimentos da corrosão da inflação).

    Menos de um mês depois, empresários e trabalhadores já demonstram insatisfação. Sem apoio político, governo não consegue levar adiante plano e inflação chega ao fim do ano em 472%, com a economia em rota de recessão.

    *

    PLANO REAL
    Lançado em 28 de fevereiro de 1994
    Presidente Itamar Franco (PMDB)

    Feito em etapas, o plano começou com o lançamento da URV (Unidade Real de Valor), uma transição até a completa adoção de uma nova moeda, o real, que começaria a circular em 1º de julho. Um ano antes, o governo já havia feito uma troca de moeda, cortando três zeros do cruzeiro e criando o cruzeiro real.

    O real entra em vigor em 1º de julho de 1994 valendo 2.750 cruzeiros reais.

    O diagnóstico do plano é o mesmo que embasou o Plano Cruzado, de que a raiz da inflação brasileira era inercial. Isto é, os reajustes tentavam recompor as perdas da inflação passada, criando uma espiral de aumentos.

    Na primeira etapa, todos os preços da economia passaram a ser fixados em URVs, que era corrigida diariamente. Depois, migraram para o real.

    O alinhamento dos preços evitou o movimento de recomposição de perdas e derrubou a inflação já no primeiro mês. O consumo foi contido com políticas de restrição ao crédito e, com a economia já mais aberta, importados supriram parte do mercado.

    Sem congelamento ou choque, o plano foi considerado exitoso à época e levou à eleição, no primeiro turno, do então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

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