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    USP reforma biblioteca e recebe acervo de 250 mil livros de Delfim Netto

    TONI SCIARRETTA
    DE SÃO PAULO

    28/06/2014 02h00

    A Universidade de São Paulo inaugura na próxima quarta (2) a maior biblioteca especializada em economia, administração e contabilidade da América Latina.

    Serão ao todo 430 mil volumes, sendo que 250 mil vieram da coleção particular do ex-ministro Delfim Netto, 86, professor emérito da instituição. A Biblioteca Mário de Andrade em São Paulo (centro), a segunda maior do país, tem 3,3 milhões de itens.

    Há dois anos, Delfim decidiu doar a biblioteca que ficava em seu sítio, em Cotia (interior de São Paulo).
    "Queria que outras pessoas tivessem acesso a esses livros, que são na verdade material de pesquisa", disse.

    'Cada vez que releio uma obra, descubro coisa nova', diz Delfim Netto

    Apegado às obras, Delfim fez uma série de exigências a quem ficasse com os livros
    -além da USP, a Faap estava no páreo. A principal é que continuasse expandindo o acervo, adquirindo novos volumes e periódicos.

    O ex-ministro também negociou acesso privilegiado a seus livros e ganhou uma salinha dentro da biblioteca.

    Junto do acervo, Delfim também doou móveis antigos, quadros, mapas e até o seu "bibliotecário" particular,
    Eduardo Frin. O ex-ministro continua pagando o salário dele, que é na verdade administrador de empresas, mas ficará locado na USP para organizar os volumes.

    E o acervo continua crescendo. Delfim envia cerca de 40 volumes por semana para a FEA (Faculdade de Economia e Administração).

    Divulgação/FEA
    O ex-ministro Delfim Netto, professor emerito da USP, na nova biblioteca da Faculdade de Economia e Administração

    A biblioteca revela um pouco sobre a personalidade e a metodologia de trabalho do pesquisador Delfim Netto.

    O ex-ministro costuma fazer "compêndios" de temas de interesse, um dossiê que reúne em um mesmo volume (ele manda encadernar) artigos, trechos de livros e de obras de referência.

    A maioria das obras contém notas manuscritas. As mais recorrentes são pedidos a sua equipe (marcadas com uma flecha) para comprar determinada obra citada no rodapé ou na bibliografia. "A flecha significa que temos que nos virar para encontrar esse livro", disse Frin.

    DOAÇÕES

    Para abrigar a coleção, a FEA reformou o prédio, que aumentou a área instalada
    de 1.500 m² para 5.000 m² e consumiu R$ 14,7 milhões
    -R$ 6,7 milhões de recursos da USP e mais R$ 8 milhões em doações feitas por empresas, ex-alunos e funcionários.

    As empresas contaram com incentivo fiscal da Lei Rouanet, que permite a dedução integral do valor no Imposto de Renda. Entre elas, estão os bancos Safra, Itaú Unibanco e Santander, as construtoras Camargo Corrêa e Odebrecht, a Natura, a Cutrale, a seguradora BB Mapfre, a Cacique Café, a consultoria PWC, o grupo É Ouro, a Comexport e a Nossa Caixa Desenvolvimento, entre outros.

    As pessoas físicas, a maioria ex-alunos e funcionários, porém, doaram a fundo perdido. "Tivemos doações a partir de R$ 200. Captamos R$ 644 mil de 566 pessoas", disse Reinaldo Guerreiro, diretor da FEA-USP. Também fizeram doações vários grupos de alunos, reunidos no próprio centro acadêmico, na FEA Jr. e na Atlética.

    Popular nos EUA, as doações para universidades são pouco comuns no Brasil. Guerreiro afirma que, além da falta de incentivo fiscal e de tradição, há uma resistência de parte do setor acadêmico de aceitar doações do setor privado para projetos,

    No lugar de doações, as unidades da USP encontraram nas fundações uma forma de viabilizar projetos de pesquisa e de ensino. A FEA tem três fundações filhotes: FIA (administração), Fipe (pesquisas econômicas) e Fipecafi (contabilidade), que prestam consultoria, pesquisa e organizam cursos.

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