A Tesla Motors, fabricante de carros elétricos, tomou uma decisão sem precedentes ao abrir seus segredos de tecnologia aos rivais, como parte dos esforços de seu presidente-executivo, Elon Musk, para ampliar o interesse por veículos de baixas emissões.

A Tesla, que desafiou as montadoras de carros de maior porte ao lucrar com a venda de carros elétricos de luxo, permitirá que concorrentes usem suas patentes, em uma aposta de que isso reduza os custos do setor e crie novas oportunidades de negócios.

"Acreditamos que a Tesla, outras empresas que produzem carros elétricos e o mundo se beneficiariam, todos, de uma plataforma de tecnologia comum e em rápido desenvolvimento", disse Musk. "A Tesla não abrirá processos por violação de patentes contra qualquer companhia que, de boa fé, deseje utilizar nossa tecnologia".

A decisão é característica de Musk, um empreendedor bilionário famoso pelo histórico de ideias abstrusas, e que agitou o setor de exploração espacial com a promessa de foguetes reutilizáveis e planos para a colonização de Marte.

Musk há muito enfatiza que seu objetivo primário, promover o uso amplo dos veículos elétricos, importa mais para ele do que o sucesso da Tesla em longo prazo. Ao oferecer suas patentes aos rivais, ele também espera criar um mercado maior para os carros elétricos, o que reduziria o custo da infraestrutura de recarga de sua companhia.

A Tesla, que vendeu 22,5 mil carros no ano passado, viu sua capitalização de mercado mais que dobrar nos 12 últimos meses, para US$ 25 bilhões, com a adesão de investidores às projeções otimistas e às altas margens de lucro oferecidas pela empresa em um momento de crescimento de seu volume de vendas.

A ascensão da Tesla de companhia iniciante à posição de queridinha do setor automobilístico foi rápida, e os especialistas do setor calculam que seu futuro em longo prazo depende de ela conseguir ou não fabricar um modelo de baixo preço que encontre o sucesso no mercado de massa.

Musk prometeu um carro elétrico com custo inferior a US$ 35 mil dentro de três anos, uma meta que requereria uma redução acentuada nos custos das baterias.

A companhia também está construindo uma fábrica com a capacidade de produzir 500 mil baterias ao ano, um volume muito superior às suas necessidades atuais. Outros grupos que usem sua tecnologia poderiam optar por adquirir baterias da Tesla.

A Tesla, sediada em Palo Alto, Califórnia, colaborou com outras montadoras de automóveis no passado para ajudá-las no desenvolvimento de carros elétricos, e forneceu baterias à Toyota e à Daimler, controladora da Mercedes. As duas empresas são acionistas da companhia de Musk.

Tradução de PAULO MIGLIACCI