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    Empresas surgidas com Orkut ganham autonomia e vão sobreviver ao site

    FELIPE MAIA
    EDITOR-ADJUNTO DE "CARREIRAS"

    06/07/2014 02h00

    Alessandro Lima, 43, fundou a empresa de monitoramento de redes sociais E.life em 2004, no mesmo ano em que o Orkut foi lançado. Dez anos depois, o site do Google tem morte anunciada, enquanto a companhia de Lima fatura R$ 16 milhões anuais, tem 250 funcionários e escritórios em cinco países.

    O Google anunciou que vai fechar o Orkut em setembro. Em maio, o site recebeu 4,4 milhões de visitantes únicos, de acordo com a empresa comScore, distante dos 34,4 milhões de dezembro de 2011, ano de sua estagnação.

    Mas Lima deve muito ao Orkut. "Foi ali que as empresas se conscientizaram do impacto que a mídia social tinha para vender", afirma. Monitorar a rede social do Google, entretanto, nunca foi fácil. Diferentemente do Facebook e do Twitter, o site nunca abriu sua plataforma para que softwares de terceiros detectassem automaticamente o que as pessoas estavam dizendo sobre um tema.

    O trabalho era feito "na mão". O volume de comentários monitorados era da ordem das centenas. Hoje, se trabalha com milhões, com rastreamento e avaliação de conteúdo automáticas: a análise das palavras indica se o post é positivo ou negativo.

    Raquel Cunha/Folhapress
    Alessandro Lima, CEO da E.life, empresa que monitora redes sociais e que foi criada junto com o Orkut
    Alessandro Lima, CEO da E.life, empresa que monitora redes sociais e que foi criada junto com o Orkut

    Para o publicitário André Telles, autor do livro "Orkut.com" (editora Landscape), um dos erros fatais da rede do Google em termos de faturamento foi não ter aberto a possibilidade de empresas criarem páginas no site.

    No Facebook, que surgiu no mesmo ano e faturou US$ 2,3 bilhões em publicidade no primeiro trimestre deste ano, a prática é incentivada.

    "O que restava no Orkut eram as comunidades cuja intenção era debater assuntos de interesse comum", diz Telles. Se o Google não lucrava com essas páginas, havia usuários que sim. É o caso de Bruno Unger, 32, que entre 2006 e 2008 vivia basicamente do site: ele criava comunidades, as povoava e depois oferecia a companhias a possibilidade fazer propaganda.

    Chegou a ter 250 grupos, com 16 milhões de pessoas. Sua tática era criar comunidades óbvias, que refletissem os gostos ou os sentimentos de um grande número de pessoas como "Amo festa" ou "Amo minha mãe".

    "Ficava mais fácil de povoar a comunidade. Aí eu as linkava aos grupos sobre cidades, que são mais difíceis."

    Ele chegou inclusive a vender 20 desses fóruns –na transação mais comentada pela mídia, em 2007, o grupo RBS pagou mais de R$ 4.000, segundo o publicitário, pela página "Eu amo Floripa".

    Devido à visibilidade, Unger recebeu em 2008 convite para ser consultor de mídias sociais na Alemanha e hoje administra a própria rede, o Falando de Viagem.

    Ele não sofreu, portanto, com com o declínio da audiência do Orkut, acentuada no segundo semestre de semestre de 2011 –em dezembro daquele ano, o site perdeu a liderança do setor para o Facebook no Brasil.

    A Vostu, empresa que desde 2010 produz jogos populares, como o "Mini Fazenda" (que chegou a ter 50 milhões de usuários no site), teve que se adaptar. A companhia tinha 400 funcionários em 2012; hoje emprega 60.

    De acordo com Daniel Kafie, 31, presidente-executivo, isso ocorreu porque foi preciso aumentar a estrutura para fazer os jogos rodarem no Facebook e no Orkut.
    Com o foco atual em aplicativos móveis, não são necessários tantos profissionais, afirma.

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