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    IBGE estima em 10% adesão à greve; sindicato diz que unidades apoiam movimento

    PEDRO SOARES
    DO RIO

    11/07/2014 17h59

    O IBGE estima que a greve de seus funcionários tem uma adesão de 10%, que deixaram de comparecer ao trabalho em todas as unidades do instituto no país.

    Segundo o órgão, a paralisação dos servidores continua parcial e atingiu 19 das 27 unidades estaduais. Afeta ainda ainda três unidades no Rio: sede, a diretoria de geociências e a de disseminação de informação.

    Os funcionários da mais importante unidade da cidade, a diretoria de pesquisa, decidiram voltar ao trabalho nesta semana.

    O IBGE diz calendário de divulgação de suas pesquisas está mantido. Ao final de junho, a adesão era de 15%, de acordo com o órgão.

    A Assibge (sindicato da categoria) não calcula um percentual de adesão. Ana Magni, diretora do sindicato, diz que "todos os Estados reafirmaram apoio ao movimento", apesar da saída da diretoria de pesquisas.

    "O mais importante é que a greve está forte na coleta de campo dos dados", disse.

    DISPENSA

    Em mais um capítulo da greve do IBGE, que já dura dois meses, o IBGE informou na quinta-feira (10) que instituto passou a dispensar trabalhadores temporários em diversos Estados, como forma de pressão para a volta dos demais ao trabalho.

    A direção confirmou a não renovação do contrato de 100 temporário diante da "baixa assiduidade (que não compareceram ao trabalho nos últimos 10 dias úteis) e,
    consequentemente, com baixa produção".

    Objetivo da decisão foi, diz, garantir "as metas institucionais do IBGE e suas atividades essenciais."

    Para a Assibge, isso fere a Constituição, que veda "'a rescisão de contrato de trabalho durante a greve". O sindicato já formalizou contestação às dispensas ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), que só deverá se pronunciar sobre a questão ao final do recesso judiciário, em agosto.

    Editoria de Arte/Folhapress

    "Com a demissão dos temporários, cresceu a indignação da categoria", disse Magni.

    A greve já afetou a coleta de dados da Pesquisa Mensal de Emprego o resultado de maio não contou com informações de duas regiões metropolitanas (Salvador e Porto Alegre) das seis pesquisadas. Atrasou ainda o trabalho de campo da Pnad Contínua, nova pesquisa sobre mercado de trabalho, a primeira em âmbito nacional.

    HISTÓRICO DA GREVE

    A categoria reivindica principalmente equiparação salarial aos servidores de outros órgãos, com o Ipea. A direção do IBGE também defende essa propostas.

    Mas o Ministério do Planejamento, ao qual o IBGE é vinculado, diz que não há possibilidade de mudanças salariais neste ano, citando que ainda está sob vigência um acordo ate 2015 com a categoria.

    Na greve de 2012, que durou dois meses, ficou acertado um reajuste de 15%, escalonado em três anos.

    Sindicalistas e a direção do IBGE discordam em outros pontos. Dentre eles, destacam-se a proposta de equiparação salarial de terceirizados e empregados próprios do instituto, a autonomia técnica (que a diretoria diz
    existir, mas a categoria contesta) e a chamada "gestão participativa" do órgão.

    Os servidores ainda reclamam da falta empenho da direção na realização de concursos para repor trabalhadores que se aposentam. Dizem que em 2007 o órgão tinha 7.000 servidores próprios. O número caiu para
    5.700 neste ano.

    O IBGE afirma que ingressaram neste ano 660 novos funcionários e foram solicitados ao ministério concursos para 1.044 vagas de nível médio e 520 de formação superior.

    Sobre a equiparação entre concursados e trabalhadores temporários (usados na coleta de dados das pesquisas), o IBGE diz que "todos os benefícios previstos em lei" são garantidos aos terceirizados, mas que "uma equiparação salarial com os servidores efetivos de nível médio não é possível, visto que estes últimos têm atribuições e responsabilidades bem mais amplas."

    SALÁRIOS

    No nível médio, o salário-base do instituto é R$ 3.160. O sindicato afirma que no Ipea a remuneração no mesmo nível é 69% maior, considerando salário-base inicial, sem gratificações por qualificação ou tempo de serviço.

    Já nos cargos de nível superior, o salário-base é R$ 4.145,23, e o sindicato calcula que, no Ipea, a remuneração seja 96% superior.

    Nessa categoria, o salário pode chegar a R$ 8.949,03 (doutorado), sem contar adicionais por tempo de serviço e cargos comissionados.

    De novembro de 2012, quando o Congresso aprovou o acordo com 24 categorias (inclusive o IBGE) para o reajuste de 15,8% parcelado em três anos, até maio deste ano o reajuste foi de 10,1%, segundo o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).

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