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    Promotores de Portugal investigam grupo Espírito Santo após calote

    DA REUTERS

    18/07/2014 09h08

    Promotores portugueses estão investigando o império empresarial da família Espírito Santo, enquanto investidores se preparam para mover uma ação judicial em função do não pagamento de dívida por parte da Rioforte, empresa de propriedade da família.

    Divulgações recentes de irregularidades financeiras envolvendo companhias do clã têm levantado dúvidas sobre perdas potencialmente desestabilizadores no Banco Espírito Santo (BES), o maior banco listado de Portugal e do qual a família é a maior acionista.

    "O gabinete da promotoria pública está acompanhando a situação, recolhendo desde o início todos os elementos que se tornaram públicos e analisando sua relevância penal", disse a promotoria em um comunicado enviado por e-mail à Reuters nesta sexta-feira (18).

    "Há investigações em curso relacionadas com este assunto que até mesmo antecedem as divulgações das últimas semanas."

    CALOTE

    Nesta semana, uma holding da família chamada Rioforte falhou em pagar mais de US$ 1 bilhão em dívida à Portugal Telecom, forçando o grupo de telecomunicações a aceitar um corte em sua parte na empresa resultante da fusão com a brasileira Oi.

    Os executivos da Portugal Telecom, na qual a família Espírito Santo tem uma participação significativa, sabiam que o clã tinha problemas antes de lhe emprestarem o montante em abril, disseram à Reuters pessoas familiarizadas com o assunto.

    Questionado especificamente sobre qualquer investigação do investimento da Portugal Telecom na Rioforte, a promotoria não quis comentar, dizendo apenas que estava acompanhando a situação do grupo Espírito Santo como um todo.

    Fontes disseram à Reuters que a Portugal Telecom estava considerando processar o BES devido ao não pagamento, já que a dívida foi comprada com recursos depositados em contas bancárias do BES, sendo considerada livre de risco pela empresa de telecomunicações. Tais processos poderiam, potencialmente, aumentar o passivo do BES.

    AÇÃO

    A Portugal Telecom, por sua vez, também enfrentará uma ação judicial movida por vários investidores minoritários que deverá ser submetida nesta sexta-feira, em função de sua suposta falha em avaliar corretamente os riscos da dívida.

    A Portugal Telecom não quis comentar porque havia investido tanto de sua liquidez em nota promissória de uma empresa.

    Sua parceira brasileira Oi criticou duramente o grupo com sede em Lisboa por não divulgar o empréstimo anteriormente. Representantes da Oi saíram do Conselho da Portugal Telecom quando souberam da dívida.

    O governo e o banco central têm dito que o BES tem capital suficiente para enfrentar os riscos decorrentes de dívidas da família, mas ainda há muitas incógnitas sobre a exposição total do banco.

    NOTA DE CRÉDITO

    Nesta sexta-feira (18), a agência de classificação de risco Moody's colocou as notas de crédito da Oi, incluindo a nota global "Baa3", em revisão para possível rebaixamento.

    Na quarta-feira, a Fitch rebaixou as notas de crédito da Oi e da Portugal Telecom (PT). As companhias tiveram suas avaliações "BBB-" revistas para baixo e agora têm nota "BB+", com perspectiva estável.

    Essa nota é a primeira fora do grau de investimento –categoria em que os ativos são considerados seguros para investi- e a primeira dentro do nível chamado de "junk" (grau especulativo). A perspectiva estável significa que a nota não será revista logo.

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