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    Açougues mudam para fazer cliente gastar mais

    ISABEL KOPSCHITZ
    DE SÃO PAULO

    20/07/2014 03h25

    Os açougues "gourmet" de São Paulo estão investindo na identidade visual de suas lojas para se distanciar do aspecto rústico dos negócios tradicionais. A estratégia dessas butiques de carne é ampliar a gama de produtos comercializados e a oferta de serviços agregados.

    Segundo a consultora do Sebrae-SP Karyna Muniz, o objetivo das lojas é aumentar o tíquete médio (gasto estimado de cada cliente por compra) e a margem de lucro.

    "O caminho para essas empresas é investir nos serviços agregados à venda de carnes, que são também diferenciais competitivos", explica.

    O fortalecimento desse mercado ocorre em paralelo à alta de 10% no consumo de carne bovina no país entre 2010 e 2014, segundo a consultoria Agroconsult. Neste ano, estima-se que cada brasileiro consuma 42 quilos.

    Recém-aberto no Itaim Bibi, bairro nobre da zona sul de São Paulo, o Feed tem móveis e painéis coloridos, prateleiras feitas sob medida, além de sofás e pufes.

    A casa, que trabalha com margem de lucro de 30%, vende as carnes que produz no Centro-Oeste do país e tem cerca de 1.200 clientes ao mês. Cada um gasta em média R$ 340 por compra.

    Além dos cortes bovinos, o açougue criado há cinco meses oferta 45 tipos de porções, como bife a rolê, hambúrgueres e ossobuco.

    A empresa também oferece cursos de gastronomia, livros de receita em redes sociais, entrega em casa e espaço para clientes cozinharem e receberem amigos.

    Segundo o sócio-fundador Pedro Merola, 35, a expectativa é de que o investimento de R$ 5 milhões dê retorno em um prazo de quatro anos.

    Outra empresa da área que está investindo nesse nicho é o Empório no Ponto, aberto há dois anos. Inspirada em açougues da Califórnia, a marca investiu R$ 500 mil para reformar a loja, que fica no bairro de Moema, na zona sul, e também mudou a identidade visual.

    O investimento inclui a expansão do açougue, com a abertura de uma nova loja, no bairro de Alphaville, em Barueri (SP), a um custo de cerca de R$ 520 mil.

    A companhia também está criando uma plataforma de e-commerce, que será lançada daqui a três meses.

    Apu Gomes/Folhapress
    Pedro Merola, sócio-fundador do açougue Feed, no qual foram investidos R$ 5 milhões; empresa produz a própria carne
    Pedro Merola, sócio-fundador do açougue Feed, no qual foram investidos R$ 5 milhões; empresa produz a própria carne

    "Ampliamos nossa gama de produtos e agora oferecemos cervejas, vinhos, molhos e massas. É uma necessidade de mercado. O brasileiro classe A também tem a cultura do churrasco, mas quer açougues diferenciados", afirma a sócia-proprietária Natália Regina, 26.

    Cada um de seus 2.000 clientes gasta cerca de R$ 200 em cada compra.

    Mais tradicional, o Empório Marcos Bassi, que funciona no mesmo espaço do restaurante homônimo, na Bela Vista, ampliará seu serviço de e-commerce em agosto.

    A plataforma receberá pedidos de entrega de carnes, além das vendas que já faz, de DVDs e livros de gastronomia do fundador.

    Segundo Mauricio Nogueira, da Agroconsult, o mercado de carne gourmet tende a crescer. Ele aponta a melhora da qualidade do gado nacional, o aumento da produção e da demanda como os fatores responsáveis.

    "Esses açougues ensinam o público a consumir e a preparar diferentes cortes de carne, o que é positivo para toda a cadeia produtiva."

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