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    UE cobra pressa em acordo com Mercosul e diz que apresenta proposta neste ano

    PEDRO SOARES
    DO RIO

    21/07/2014 12h57

    O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, disse nesta sexta-feira (21) que é "bom para o Brasil" trabalhar para "fechar logo" um acordo de livre comércio com a União Europeia.

    Barroso disse também que, de sua parte, a Europa tem condições de apresentar uma proposta ainda neste ano.

    O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, disse que é 'bom para o Brasil' trabalhar para 'fechar logo' um acordo de livre comércio com a União Europeia.

    Segundo o político, 'parece um absurdo' o Brasil e seus parceiros do bloco não concluírem negociações, abertas há mais de uma década, enquanto a UE fez nesse período vários acordo bilaterais, inclusive com países da região, como Peru e Colômbia e mais recentemente o Equador que inicialmente resistia à oferta europeia.

    "Me parece um bocadinho absurdo que a UE tenha acordo de livre comércio com o mundo inteiro menos com o Brasil. O Brasil é o ponto mais importante (para o acordo) do Mercosul", disse, em evento da Fundação Getulio Vargas.

    Barroso indicou que uma possível solução seria um acordo em etapas, como ocorreu com a Comunidade Andina –primeiro, Peru e Colômbia fecharam acordos com a UE. Recentemente, o Equador, aliado da Venezuela, mudou de posição e aceitou a proposta europeia. Só Bolívia não aceitou um acordo ainda.

    PARALISIA

    "O que queremos é que os países do Mercosul avancem com maior determinação para o que pode ser [o acordo] muito vantajoso para as duas partes."

    Negociado há 15 anos, o acordo com o Mercosul entrou numa fase de paralisia das discussões em 2004. Em 2010, as tratativas foram retomadas, mas divergências entre países do Mercosul e de alguns da Europa emperram as negociações.

    Uma das travas é o acesso de firmas da Europa ao setor de serviços, algo pleiteado pela União Europeia e que sofre resistência do bloco sul-americano.

    Barroso reconheceu que há resistências tanto do Brasil, líder do bloco regional, como da Europa. "Não sei se será fácil fechar o acordo, mas acontecerá."

    ACORDO COM EUA

    Após o fracasso da rodada Doha de liberalização global de comércio, a UE buscou acordos bilaterais e o coroamento dessa política é a atual negociação com os EUA, que poderá isolar ainda mais o Brasil.

    Para Barroso, esse acordo também não será fácil diante do porte das duas economias e interesses diversos.

    Ao dizer que seria bom o Brasil concluir "logo" o acordo UE-Mercosul, Barroso disse que "pouco restará" ao bloco, pois outros mercados poderão já ter ocupado o espaço brasileiro e de seus sócios.

    Um exemplo é o caso da carne –os EUA também são grandes produtores.

    DILMA

    Barroso disse que conversou muito com a presidente Dilma na sexta-feira (18) sobre o formato e propostas para o acordo.

    Segundo Barroso, ficou acertado que "tão cedo quanto possível" se faria uma troca de ofertas entre os dois blocos, sem a fixação de uma data, embora ele afirme que a UE está preparada para apresentar sua proposta ainda neste ano.

    ECONOMIA EUROPEIA

    O líder europeu disse ainda que a economia está reagindo e previu um crescimento de 1,6% neste ano da zona Euro e de 2% em 2015.

    Ao fazer uma "mea culpa", reconheceu falhas na supervisão bancária –tarefa que pós-crise passou a ser do BCE (Banco Central Europeu)– e do controle de orçamentos e dívidas dos países, o que também passou a ser acompanhado por Bruxelas.

    Sobre a possibilidade de contágio da crise do BES (Banco Espírito Santo) –que contaminou a PT e a Oi, das quais é acionista indiretamente- a outras instituições, Barroso disse que não há preocupação com o caso nem com o situação dos bancos europeus, ressaltando que há um fortalecimento da união bancária e da fiscalização do setor no continente.

    O líder europeu participou de um debate na manhã desta segunda-feira de na FGV e de almoço na Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro).

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