• Mercado

    Tuesday, 07-May-2024 08:22:01 -03

    Em São Paulo, vagas estão estagnadas; renda e formalização caem

    PEDRO SOARES
    DO RIO

    24/07/2014 12h30

    Principal mercado de trabalho do país, a região metropolitana de São Paulo convive com uma situação difícil neste período de menor crescimento econômico e crise do setor industrial, que tem grande importância na área.

    Há estagnação na abertura de novos postos de trabalho, rendimento em declínio, queda do emprego com carteira e uma forte migração de pessoas para a inatividade –e um dos motivos das pessoas deixaram de procurar trabalho pode ser o desalento.

    O quadro pode ser traçado a partir dos dados da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, referente a junho, que não foi divulgada por completo nesta quinta-feira (24) diante da ausência de informações de duas (Salvador e Porto Alegre) das seis regiões investigadas.

    Em São Paulo, a taxa de desemprego se manteve baixa (5,1%, a menor para os meses de junho desde o início da pesquisa do IBGE) não porque há uma geração expressiva de vagas; ao contrário, o número de pessoas ocupadas cresceu 0,1% frente a maio (percentual tido pelo IBGE como estável do ponto de vista estatístico), com criação de apenas 8 mil empregos.

    Na comparação com junho de 2013, o emprego ficou estável –a abertura de 2.000 vagas é inexpressiva para uma região que conta com 9,6 milhões de trabalhadores.

    A taxa de desemprego não sobe porque mais e mais pessoas a cada mês deixam de procurar trabalho e passam a serem tidos como inativos.

    FORÇA DE TRABALHO

    Para compor a força de trabalho, uma pessoa tem de estar empregada ou buscar uma ocupação dentro do mês em que foi entrevistado pelo IBGE.

    A parcela de quem não procura emprego ou está fora do mercado por outros motivos (os inativos) cresceu 5% frente a junho de 2013 (352 mil pessoas). Nesse intervalo de um ano, houve uma queda de 24,3% no número de desempregados (162 mil pessoas a menos), ou seja, aqueles que estão procurando uma ocupação, mas não encontram.

    Uma grande massa dessas pessoas que antes estavam em busca de emprego agora estão na inatividade, segundo Adriana Berenguy, técnica do IBGE.

    "O que podemos dizer é que o emprego não cresce como antes e que a taxa de desemprego se mantém baixa porque menos pessoas estão à procura de trabalho", disse.

    Estudos do IBGE e de outros institutos traçam o perfil dessas pessoas que saíram do mercado de trabalho. São em sua maioria jovens, mulheres e pessoas mais velhas.

    Por esse retrato, analistas dizem que num cenário de menor oferta de vagas essas pessoas (que, em geral, não são arrimos de família) desistiram de procurar emprego ou por desalento ou para estudar mais e se qualificar (especialmente jovens).

    Outros motivos podem ser a antecipação da aposentadoria ou a dedicação a outras atividades, como cuidar da casa e dos filhos (especialmente mulheres).

    No caso das mulheres, em alguns casos pode valer mais a pena ficar em casa e poupar o dinheiro da creche e da empregada doméstica do que arrumar um emprego que não cubra essas despesas da família.

    DESAQUECIMENTO

    Para a Rosenberg & Associados, a freada no número de postos de trabalho (uma tendência das regiões que o IBGE divulgou dados em junho) revela o "os primeiros sinais tão esperado processo de desaquecimento do mercado de trabalho, necessário para reduzir as pressões inflacionárias [por meio do menor consumo]".

    Segundo a consultoria, "a expansão da população ocupada praticamente com contribuição zero (com risco de ser negativa)" não irá impulsionar a massa salarial (bolo de recursos oriundos do mercado de trabalho que movimenta a economia e que, em sua maioria, é destinado ao consumo) crescerá apenas por conta do aumento da renda –que já mostra desaceleração.

    O total de pessoas ocupadas ficou estagnado frente a julho de 2013 também em Belo Horizonte (-0,1%) e Rio de Janeiro (0,1%), regiões só menos importante do que São Paulo –que concentra cerca de 45% do emprego na pesquisa do IBGE.

    FORMALIZAÇÃO E RENDIMENTO

    Em São Paulo, caiu 1,6% na comparação com maio. Cresceu, porém, 0,6% frente a junho de 2013 –num ritmo abaixo de meses anteriores e numa tendência de desaceleração.

    A formalização também mostrou um retrocesso no principal mercado de trabalho do país: o total de empregados com carteira caiu 2,2% em relação a maio e 1,7% ante junho do ano passado.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024