A PSA Peugeot Citroën e a Fiat-Chrysler discutiram um acordo que teria criado a quinta maior montadora de automóveis do planeta, com produção anual de cerca de oito milhões de carros, e que propiciaria alcance mundial às duas problemáticas companhias.
As montadoras francesa e ítalo-americana realizaram discussões informais, nos últimos 12 meses, mas as negociações não avançaram, de acordo com pessoas informadas sobre o assunto.
As duas estão considerando diferentes opções para resolver seus problemas comuns quanto a custos elevados e cobertura apenas parcial dos mercados emergentes.
Os proponentes da transação viam benefícios em combinar as operações europeias da Fiat e Peugeot e aproveitar a presença da Chrysler nos Estados Unidos, enquanto a Dongfeng Motor, montadora chinesa que é acionista da PSA, teria oferecido maior acesso na Ásia e fontes novas de capital, de acordo com quatro pessoas informadas sobre as discussões.
Se um acordo tivesse sido atingido, duas das mais veneráveis montadoras e dinastias automobilísticas europeias se teriam unido, em um esforço para satisfazer as necessidades de investimento dos dois grupos.
NEGOCIAÇÕES
As duas empresas realizaram negociações que foram suspensas mais ou menos no momento em que a Dongfeng fez seu investimento na PSA, disseram as fontes, enfatizando que as discussões haviam sido preliminares em natureza.
As negociações eram parte das potenciais opções de solução de problemas em ambas as companhias, que este ano estão ocupadíssimas lidando cada qual com seus programas de reestruturação.
A Fiat concluiu este ano sua aquisição da Chrysler, e a nova Fiat Chrysler Automobiles deve colocar suas ações no mercado da Holanda em agosto, enquanto a PSA completou sua união com a Dongfeng em janeiro e está conduzindo um esforço de expansão na Ásia.
Um executivo financeiro radicado em Paris e familiarizado com as negociações disse que elas poderiam ser reabertas. "As negociações ainda não começaram, mas houve discussões, e acredito que 2015 será um ano crítico", disse o executivo.
Um porta-voz da Fiat-Chrysler disse que a companhia não realizou negociações com a PSA. "Conduzimos discussões com todo mundo sobre projetos específicos", o porta-voz acrescentou.
A PSA negou que tivesse discutido uma possível fusão com a Fiat-Chrysler.
NOVAS FUSÕES
Sergio Marchionne, presidente-executivo da Fiat-Chrysler, recebe amplo crédito por resgatar a Fiat de um possível colapso por meio da audaciosa tomada de controle da Chrysler, e ele declarou estar ávido por novas transações, joint ventures ou fusões com empresas rivais.
Marchionne recentemente se declarou aberto a "diversas opções" para curar os problemas de capacidade da Fiat na Europa, a falta de exposição da Chrysler nos mercados emergentes, e a falta de capital disponível para investir em ambas.
Se as conversações avançarem, um grupo combinado produziria cerca de oito milhões de carros ao ano, o que o colocaria em situação de desafiar a Volkswagen, Toyota e General Motors, os três líderes do setor.
"Não é surpreendente que essa seja uma opção em consideração", disse Stefano Aversa, diretor da divisão automotiva da consultoria Alix Partners. "A PSA é uma das poucas grandes montadoras que não se alinhou a nenhuma grande rival, historicamente, e existem benefícios óbvios para os dois grupos numa fusão".
Tradução de PAULO MIGLIACCI