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    Ex-presidente do Banco Espírito Santo é solto após pagar fiança milionária

    DA EFE

    25/07/2014 14h20

    O ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, foi posto em liberdade nesta quinta-feira (24) após pagar uma fiança de € 3 milhões que lhe foi imposta pela justiça portuguesa, que o acusa de fraude, abuso de confiança e falsificação e lavagem de dinheiro.

    Segundo o Ministério Público de Portugal, o Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa impôs a Salgado como condições para ser liberado o pagamento da fiança, a proibição de deixar o país e de entrar em contato com "determinadas pessoas", sem dar mais detalhes.

    Salgado foi detido na manhã de quinta-feira em sua residência e depôs por cerca de oito horas por seu suposto envolvimento na investigação policial "Monte Branco", sobre a maior rede de lavagem de dinheiro descoberta em Portugal.

    O advogado Francisco Proença de Carvalho confirmou na saída do tribunal a libertação do acusado e assinalou que Salgado "colaborou com a Justiça, deu sua visão dos fatos" e "seguirá em sua casa, normalmente".

    Jose Manuel Ribeiro/Reuters
    Ex-presidente do Banco Espírito Santo, Ricardo Salgado, que foi posto em liberdade após pagar fiança
    Ex-presidente do Banco Espírito Santo, Ricardo Salgado, que foi posto em liberdade após pagar fiança

    A Procuradoria afirmou que a Justiça portuguesa prosseguiu com suas diligências depois que em 2012 Salgado prestou depoimento como testemunha do caso.

    Depois daquele interrogatório - que não teve consequências legais -, ainda segundo a Procuradoria, foram obtidas novas provas "por via da cooperação internacional", o que permitiu encontrar "novos indícios" que justificam as últimas ações judiciais contra Salgado.

    Concretamente, essas medidas incluíram nessa quarta-feira o registro judicial de algumas filiais do Grupo Espírito Santo que foram realizadas, segundo especulam meios de comunicação portugueses, para evitar o desaparecimento de provas comprometedoras.

    OPERAÇÃO

    Iniciada em 2011, a operação "Monte Branco" investiga uma suposta trama de lavagem de capitas entre Lisboa e uma sociedade chamada Akoya, com sede na Suíça.

    Administrada por dois banqueiros suíços - Michel Canals e Nicolas Figueiredo -, a rede servia supostamente para fraudar do fisco português as fortunas de algumas das figuras mais relevantes do país.

    Salgado, de 70 anos, era considerado nos últimos anos um dos homens mais poderosos de Portugal, com forte influência política e econômica, e o rosto visível do conglomerado da família Espírito Santo.

    No final de junho anunciou, após 22 anos no cargo, sua renúncia à frente do BES, que faz parte do Grupo Espírito Santo.

    Seu posto foi ocupado desde o último dia 14 de julho pelo economista Vítor Bento, que obteve o sinal verde do Banco de Portugal e deverá ser ratificado pela assembleia de acionistas.

    Nas últimas semanas, o grupo ao qual pertence o banco sofreu fortes pressões devido à detecção de irregularidades contábeis em algumas de suas sociedades e à situação de insolvência que ameaça várias de suas empresas.

    INVESTIGAÇÃO

    O império empresarial da família Espírito Santo está sob investigação por promotores de Portugal.

    A divulgação de irregularidades financeiras nas companhias do clã têm levantado dúvidas sobre perdas potencialmente desestabilizadoras no Banco Espírito Santo (BES), o maior do país.

    "O gabinete da promotoria pública está acompanhando a situação, recolhendo desde o início todos os elementos que se tornaram públicos e analisando sua relevância penal", disse a promotoria em um comunicado enviado por e-mail à Reuters no dia 18 de julho.

    CALOTE

    Uma holding da família Espírito Santo chamada Rioforte falhou em pagar mais de US$ 1 bilhão em dívida à Portugal Telecom.

    O não pagamento forçou o grupo de telecomunicações a aceitar um corte em sua parte na empresa resultante da fusão com a brasileira Oi.

    Apesar da possibilidade de calote, a companhia brasileira chegou a emitir um fato relevante aos acionistas nesta semana, informando que a Portugal Telecom deverá adotar "as medidas cabíveis para a cobrança dos títulos e os demais atos necessários à proteção e defesa dos seus interesses."

    A Rioforte, por sua vez, já pediu proteção contra credores à Justiça.

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