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    Bancos veem impacto 'marginal' no crédito após anuncio de medidas do BC

    TONI SCIARRETTA
    DE SÃO PAULO

    26/07/2014 02h00

    Com o potencial de liberar mais de R$ 45 bilhões para o crédito, as medidas anunciadas pelo BC terão impacto marginal para estimular os financiamentos em 2014.

    Embora o BC tenha reduzido a parcela de dinheiro que os bancos mantêm praticamente parado (depósitos compulsórios e exigências de capital para o risco dos empréstimos), as empresas engavetaram os projetos de expansão (e a necessidade de financiamento) devido à desaceleração econômica e à indefinição eleitoral.

    Os consumidores também estão reticentes em assumir novas dívidas, temendo perder o emprego ou sofrer uma redução na renda. Finalmente, os bancos costumam ver esse cenário como de alto risco de calote para conceder novos empréstimos.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Na avaliação de Luiz Trabuco, presidente do Bradesco, as medidas não são suficientes para reverter o quadro de desaceleração do crédito em 2014. "Essas medidas não transformam a realidade do dia para a noite. São importantes para começar a romper o ciclo vicioso de previsões negativas. Cria uma agenda positiva", disse.

    O Bradesco calcula que as medidas liberam mais de R$ 16 bilhões para novos empréstimos: R$ 10 bilhões com a otimização das exigências de capital para o risco dos empréstimos e mais de R$ 6 bilhões com o compulsório.

    O presidente do Itaú, Roberto Setubal, também elogiou as medidas anunciadas pelo BC, que, segundo ele, tornam as exigências de capital mais consistentes com o risco dos empréstimos, especialmente os mais longos.

    "Vejo de forma positiva, pois criam condições de aumentar o crédito em segmentos em que a liquidez [disponibilidade de recursos] estava menos folgada."

    "A sinalização do BC é muito boa porque reconhece que há um dinheiro que poderia ser melhor aproveitado pelos bancos. Mas impacto, se tiver, será muito pequeno. Tem que fazer muito mais coisas para estimular a demanda pelo crédito", disse Luiz Troster, especialista em bancos.

    "As medidas devem ter um impacto limitado no crescimento do crédito, uma vez que a desaceleração recente nos empréstimos resulta da percepção dos bancos de aumento de risco da desaceleração econômica e de aumento do desemprego", escreveu o americano Goldman Sachs, em relatório aos clientes.

    Murilo Portugal, presidente da Febraban (federação dos bancos), acredita que o impacto maior será no financiamento a pequenas empresas e projetos de longo prazo.

    A reivindicação de que o BC liberasse dinheiro desnecessariamente preso para cumprir exigências de capital já vinha sendo feita pelos bancos. A liberação só saiu do papel após o BC deixar claro que não deve reduzir os juros, hoje em 11%.

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