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    Crédito da Caixa para empresas vira palco de disputas políticas

    JULIO WIZIACK
    MARIANA CARNEIRO
    DE SÃO PAULO

    26/07/2014 02h00

    Um dos principais instrumentos de ação da presidente Dilma Rousseff na área econômica, a Caixa virou palco de disputa política. Em jogo está o controle do governo em uma área que se tornou um dos motores da expansão do banco: o crédito às empresas.

    A Caixa, que liderou a expansão dos empréstimos e a queda dos juros no país –duas importantes bandeiras da presidente Dilma–, também ganhou força no financiamento corporativo.

    Atualmente, o contato com as companhias é feito por diretores da Caixa indicados pelo presidente do banco, o petista Jorge Hereda. Mas o PMDB foi a campo para tentar assumir, efetivamente, o controle dessa operação.

    O comando da Caixa é dividido em 12 vice-presidências ocupadas por pessoas indicadas pelo governo.

    Abaixo deles, há diretores que são –obrigatoriamente– funcionários do banco nomeados por Hereda.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Nos últimos anos, a Caixa ganhou peso na política de crédito e investimento do governo Dilma, despertando o interesse de partidos aliados em ter influência no banco.

    O interesse cresceu tanto que levou o PMDB, do vice-presidente Michel Temer, a conseguir duas novas vice-presidências neste ano, passando a ter quatro. Entre elas, está a que cuida dos negócios entre a Caixa e as empresas de médio e grande portes.

    Na semana passada, Hereda recebeu um ultimato do PMDB. A Folha apurou que a conversa ocorreu no gabinete do presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), e contou também com a presença do líder do partido na Câmara, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

    O partido quer que seus vice-presidentes na Caixa possam nomear os diretores de suas áreas -algo vetado pelo estatuto do banco desde 2011. Até então, os vice-presidentes indicavam os executivos de sua equipe.

    A mudança foi feita com intuito de impedir o uso político da Caixa em operações financeiras (como empréstimos a empresas).

    No primeiro trimestre deste ano, o crédito da Caixa para empresas alcançou R$ 109 bilhões, uma alta de 85% desde 2012. O banco já está entre os cinco maiores desse ramo, com 12% de participação.

    O desempenho foi resultado da ação do governo diante da falta de apetite dos bancos privados, que restringiram o crédito desde 2011.

    ESTRATÉGIA

    A intenção do PMDB de interferir na rotina operacional da Caixa já é chamada dentro do banco de política da "porteira fechada".

    Segundo apurou a Folha, o que interessa ao partido é assumir a relação com as grandes empresas, potenciais doadores de campanha.

    As negociações estão em curso, o governo resiste a ceder, mas avalia alguns nomes apresentados pelo PMDB.

    Por meio de sua assessoria, Hereda confirmou o encontro com o PMDB, mas não quis comentar o caso.

    O deputado Eduardo Cunha disse à Folha que "as negociações estão em curso" e estão focadas nas duas vice-presidências que o partido assumiu recentemente.

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