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    Nem churrasco da Copa salva frigoríficos de queda nas vendas

    TATIANA FREITAS
    DE SÃO PAULO

    27/07/2014 02h00

    Nem o esperado churrasco da Copa do Mundo evitou uma queda nas vendas de carne bovina, provocada pelo preço alto dessa proteína -em 12 meses, o valor nos frigoríficos subiu mais de 20%.

    Uma das apostas dos supermercados para o Mundial, as vendas de carnes decepcionaram. Ainda não foram divulgados dados sobre o comportamento do consumo durante a Copa, mas a Folha apurou com fontes do setor que o volume de vendas dos frigoríficos caiu entre 20% e 30%, na média semanal, ante o mesmo período de 2013.

    Os cortes para churrasco foram de fato mais procurados, porém uma forte queda nos cortes mais simples, presentes na rotina dos brasileiros, não compensou o bom desempenho da picanha.

    A baixa demanda no chamado "foodservice" (restaurantes e cozinhas industriais) também teve contribuição relevante para o tombo nas vendas. O alto número de feriados ou a dispensa do trabalho para assistir aos jogos do Brasil reduziram a demanda desse tipo de comprador.

    No varejo, a explicação para a queda nas vendas é a mudança no hábito alimentar do brasileiro, que trocou o arroz, o feijão e o bife pelas festas durante a Copa.

    Segundo distribuidores de alimentos e analistas que acompanham esses setores, as vendas de arroz e de feijão acompanharam o tombo das carnes e caíram cerca de 30% na Copa ante igual intervalo de 2013 -em alguns casos, o recuo chegou a ser maior.

    Editoria de Arte/Folhapress

    PREÇO

    Com a demanda por carnes superestimada, varejistas encerraram a Copa com estoques altos. Não por acaso, supermercados e açougues fizeram promoções na semana após o final do evento.

    As ações tiveram reflexo nos preços. Entre 11 e 17 de julho, a carne bovina (corte traseiro, de primeira) foi o produto que mais contribuiu para a queda de 1,18% da cesta básica em São Paulo, segundo o Procon-SP. Só naquela semana, o valor médio da carne bovina caiu 0,55%.

    Na última semana, encerrada em 24 de julho, mais uma queda: -0,42%.

    O IPC da Fipe, que também mede os preços em São Paulo, confirmou a tendência: a carne bovina caiu 2,5% em junho e 1,1% em julho (na terceira quadrissemana).

    "A alta no preço da carne tem limite, porque o consumidor tem alternativas para substitui-la, como o frango", afirma Salomão. Quadros, pesquisador da FGV responsável pelo IGP-M, que apontou a alta de 20,6% da carne nos frigoríficos em 12 meses.

    "O preço é o maior fator de influência para o consumidor no momento da compra", diz Péricles Salazar, presidente da Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos).

    Para Quadros, a aceleração dos preços no atacado ensaia uma parada. Na segunda prévia de julho do IGP-M, a carne bovina recuou 0,09%.

    Consultorias especializadas já apontam uma queda mais significativa no atacado, entre 1% e 2% neste mês, em comparação com junho.

    NO CAMPO

    A menor demanda já afeta até as negociações no campo. Na semana passada, o preço do boi gordo caiu 1%, para
    R$ 119 por arroba em São Paulo, segundo a Informa Economics FNP, consultoria especializada no setor.

    "O fraco consumo interno faz com que os frigoríficos, sem pressa para comprar a matéria-prima, pressionem mais as negociações com os pecuaristas para obter preços menores", diz José Vicente Ferraz, diretor da Informa.

    Influenciado pelo consumo interno aquecido e pelo bom desempenho das exportações, o boi gordo também vem de uma sequência de alta no preço: 17% em 12 meses, segundo a Informa.

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