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    Analistas preveem recessão e inflação na Argentina após fracasso de acordo

    DE BUENOS AIRES

    31/07/2014 01h30

    O calote técnico não deve causar uma ruptura na economia da Argentina, mas irá representar uma piora de um cenário que já não vinha bem, dizem economistas.

    A Argentina já está em recessão e tem uma inflação anual de cerca de 25%. Para o ex-presidente do banco central Martin Redrado, o PIB pode cair um ponto percentual a mais e os preços devem subir a velocidades ainda maiores com uma desvalorização adicional do peso.

    O economista Martin Tetaz também prevê um segundo semestre "com mais inflação, dólar mais alto e menos consumo e atividade econômica".

    Apesar de o governo não lançar títulos soberanos desde 2001, as empresas privadas e estatais o fazem e devem ter novos problemas. A principal fonte de dólares, a balança comercial, vai ser ainda mais usada, afirma.

    Por isso, o Brasil também sofreria consequências, diz: as exportações para a Argentina -terceiro maior parceiro comercial do país- cairiam ainda mais. Pelos dados argentinos, no primeiro semestre, houve queda de 18% ante o mesmo período de 2013.

    Já nesta quinta (31), os mercados de ações e títulos, que tiveram fortes altas nesta quarta (30) com a expectativa de que houvesse um acordo, devem ter baixas.

    Outro risco do "default" técnico é que parte dos credores que irão deixar de receber possam demandar que todos os vencimentos futuros sejam trazidos a presente e pagos imediatamente. É preciso que 25% deles ingressem com ação. O economista Lucas Llach afirma que isso é pouco provável, pois é claro que o país não pagaria dessa forma.

    Para não correr esse risco, o governo pode levar a questão à Justiça, para dizer que não houve calote, uma vez que houve depósito nas contas dos bancos. Esse seria um dos motivos pelos quais o ministro Axel Kicillof insiste em que não há calote e que "a culpa é do juiz Thomas Griesa".

    Isso poderia mudar em 2015, com o vencimento da cláusula que garante aos credores da dívida reestruturada em 2005 as mesmas condições que forem ofertadas aos que ficaram de fora da troca de títulos.

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