Apesar de um cenário de preços menores do minério de ferro, a Vale conseguiu ampliar seu lucro graças à maior produção, que atingiu no primeiro semestre o maior volume da história da companhia.
De janeiro a junho, a mineradora lucrou R$ 9,1 bilhões, 29% a mais do que os R$ 7,03 bilhões de igual período de 2013.
No segundo trimestre, o resultado da companhia cresceu 283% frente ao segundo trimestre de 2013, alcançando R$ 3,2 bilhões. Tal desempenho se deu sobre uma base muito fraca, o que explica tamanho crescimento.
Quando comparado com o primeiro trimestre (R$ 5,9 bilhões), o lucro da mineradora caiu 46,1% -sob efeito de preços mais baixos e despesas não previstas.
Um dos motivos para a redução do lucro frente aos três primeiros meses deste ano foi o reconhecimento da perda parcial dos investimentos feitos na aquisição e desenvolvimento do projeto de exploração de minério de ferro de Simandou, na Guiné, no oeste africano.
Sob a gestão anterior liderada por Roger Agnelli, a Vale pagou R$ 5,5 bilhões em 2010 por 51% da reserva à empresa israelense BSG. O governo da Guiné, porém, viu focos de corrupção e problemas na concessão dada à BSG e cancelou o contrato de exploração.
Diante disso, será realizada uma nova licitação. A Vale diz que "reconhece" uma perda apenas parcial de R$ 1,118 bilhão, "uma vez que as discussões com o governo da Guiné estão avançando no sentido de compensar de certa forma os investimentos feitos pela Vale naquele país."
Esse impacto negativo foi compensado pelo volume recorde de produção de minério de ferro de março a junho (79,4 milhões de toneladas, 12% mais do que no mesmo período de 2013), o principal produto da mineradora e responsável por 70% de seu faturamento.
A receita da Vale somou R$ 44,5 bilhões de janeiro a junho, com alta de apenas 3% frente ao primeiro semestre de 2013 –ainda sob efeito de preços mais baixos. Após rondar a faixa de US$ 100 a tonelada no ano passado, o preço do minério agora oscila em torno de US$ 100 a tonelada.
GERAÇÃO DE CAIXA
No primeiro semestre, o Ebitda (indicador da capacidade de geração de caixa de um companhia) caiu 9%, atingindo 9,1%. Já no segundo trimestre, houve queda de 10% para R$ 9,1 bilhões, segundo a Vale.
Para Murilo Ferreira, presidente da Vale, os resultados da mineradora são positivos, apesar do "cenário de preços desafiador". O executivo disse que a companhia irá focar sua atuação na redução de custos especialmente de investimentos e no aumento da produção, com a entrada em operação da nova mina de Carajás.
O crescimento da extração de minério no segundo trimestre já reflete a ampliação da atual mina de Carajás, com acréscimo gradual de capacidade de 40 milhões de toneladas.
Segundo José Carlos Martins, diretor-executivo de Ferrosos da Vale, a companhia produz a baixo custo e conta com minério de alta qualidade. Desse modo, diz, é capaz de ocupar o espaço deixado por minas de custo mais elevado, que pararam sua produção nesse cenário de preços em baixa –ou seja, essas minas deixaram de ser competitivas e o valor pago pelo minério não cobria as despesas com operação.
Martins disse que o horizonte para os preços do minério é apenas "moderadamente otimistas", mas afirmou que a aposta da Vale é no aumento de sua produção com minério de custo baixo.
O executivo disse ainda que a China, cuja produção de aço e o PIB desacelerou no segundo trimestre, já mostra sinais de recuperação e tende a demandar mais minério de ferro. O país é destino de um terço das vendas da Vale.
ENDIVIDAMENTO
Ferreira afirmou que outro ponto positivo do balanço da Vale foi manter investimentos, sem aumentar sua dívida. Isso, diz, um ambiente de preços menores –ou seja, potencial reduzido de gerar caixa para investir.
"A Vale manteve um sólido balanço, com baixa alavancagem, alta cobertura de juros, longo prazo médio e baixo custo da dívida. A dívida total foi de US$ 30,257 bilhões em 30 de junho de 2014, mostrando ligeira redução ante os US$ 30,346 bilhões de 31 de março de 2014", afirma a mineradora em seu relatório.
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Vale/2014
Faturamento R$ 22 bilhões
Lucro líquido R$ 3,2 bilhões
Número de funcionários 21 mil
Dívida de longo prazo R$ 112 bilhões
Principais concorrentes Rio Tinto, BHP Billiton
