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    Intervenção de bancos na crise argentina é 'factível', diz ministro

    FELIPE GUTIERREZ
    DE BUENOS AIRES

    31/07/2014 18h21

    A ideia de que bancos intervenham na crise da dívida argentina, comprando os títulos das mãos dos credores que estão em litígio com o país, não é descartada pelo ministro da Economia, Axel Kicillof.

    "Do ponto de vista econômico, é factível", afirmou em uma coletiva de imprensa em Buenos Aires nesta quinta-feira (31).

    O anúncio veio um dia depois de a Argentina entrar em calote técnico por não conseguir pagar uma parcela aos fundos que aceitaram a renegociação da dívida e trocaram seus títulos em 2005 e 2010.

    Kicillof afirmou que o comunicado do fundo Aurelius, que afirmou que recebeu uma oferta, mas que não lhe agradou, indica que os fundos estão abertos a esse tipo de negociação.

    Para o ministro, o interesse dos bancos é evitar perdas em suas carteiras de ativos. "Se quiserem colocar o dinheiro deles, a Argentina não se opõe", disse.

    RESSALVAS

    Ele, no entanto, fez ressalvas a proposta que circulou na terça (29) e quarta (30) na mídia.

    Segundo Kicillof, os bancos estavam propondo usar um fundo garantidor de crédito para comprar a dívida dos abutres -dinheiro que, de acordo com o ministro, pertence a quem deposita dinheiro nos bancos argentinos, e não aos bancos.

    O outro problema seria usar recursos que, indiretamente, têm participação do Estado. Por exemplo, uma operação triangular em que a Argentina empresa a um banco, que compra a dívida.

    William Mur/Editoria de Arte/Folhapress

    ACELERAÇÃO

    Outro tema abordado por Kicillof na coletiva foi um eventual pedido de aceleração dos detentores de títulos que, desde o dia 30 de julho, pararam de receber.

    Eles podem exigir que o governo pague, de uma vez só, todos os vencimentos futuros, trazidos a valor presente.

    O ministro explicou que há 16 tipos diferentes de títulos. Para que haja aceleração de uma dessas linhas, 25% dos credores dela precisam requerer isso ao banco que as paga "como se fosse um calote". O banco, então, tem 60 dias para decidir se acata ou não.

    Kicillof diz que, caso isso aconteça, a Argentina irá entrar na Justiça, argumentando que não se trata de um calote.

    Esse é um dos motivos pelos quais membros do governo insistem em dizer que não há calote. O ministro voltou a afirmar isso na entrevista coletiva. Ele leu partes do contrato da dívida negociada e afirmou que existia a possibilidade de uma intervenção de um credor que não havia aceitado o acordo.

    Portanto, os credores que aceitaram receber menos nas trocas de títulos de 2005 e 2010 estavam cientes desse risco quando assinaram o contrato.

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