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    Bancos que venderam proteção contra calote argentino pagariam US$ 20 bi

    DE SÃO PAULO

    01/08/2014 02h00

    Bancos que venderam proteção, no mercado financeiro, contra um eventual calote da Argentina podem ser obrigados a assumir despesas de bilhões de dólares.

    Eles venderam uma espécie de derivativo chamado CDS (credit default swaps). Segundo o "Wall Street Journal", havia no mercado US$ 20,7 bilhões em contratos desse tipo, no dia 25, relativos à dívida argentina.

    Nesse mercado, quem busca proteção compra os contratos de CDS, normalmente de grandes instituições financeiras. Em caso de calote, recebem um prêmio.

    Nesta sexta (1º), a entidade privada que regula o CDS, a Isda (da sigla em inglês de "International Swaps and Derivatives Association"), vai avaliar se o país entrou em calote e se os compradores devem ser ressarcidos. Responde a um pedido do suíço UBS.

    A decisão caberá a um conselho formado por 15 membros, entre os quais um representante da Elliott Management, que controla o fundo "abutre" NML, um dos que processaram a Argentina, nos EUA, para receber o valor original da dívida.

    De acordo com o BIS (Bank for International Settlements), havia no mercado US$ 21 trilhões investidos nesses derivativos de crédito, em dezembro de 2013. Cerca de US$ 2,5 trilhões aplicados exclusivamente em contratos contra o calote de países.

    A cotação do CDS varia diariamente, de acordo com a possibilidade de um país não pagar sua dívida ou de ficar em má situação econômica.

    Segundo o professor de finanças da Fipecafi Fernando Caio Galdi, esse tipo de derivativo tende a aumentar os efeitos negativos em um eventual calote.

    "Quem vende esse ativo vai ganhando dinheiro, mas, quando há um calote, tem de pagar", diz. "Isso pode potencializar a crise, porque poderá haver instituições sem capacidade de pagar a conta."

    A última vez em que o pagamento dos CDS ocorreu foi na crise da Grécia, em 2012.

    Editoria de Arte/Folhapress

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