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    Produção industrial recua pelo quarto mês seguido e cai 1,4% em junho

    SAMANTHA LIMA
    DO RIO

    01/08/2014 09h08

    A parada forçada pela Copa do Mundo, os estoques em alta e a desconfiança do empresário levaram a indústria a acentuar sua crise em junho.

    No mês, a produção industrial recuou 1,4%, a quarta queda seguida no ano, segundo dados livres de afeitos sazonais. Os dados foram divulgados pelo IBGE na manhã desta sexta-feira (1º).

    O resultado veio um pouco melhor do que as previsões do mercado, que esperava queda entre 2% e 3%.

    Na comparação com junho de 2013, indústria registrou recuo de 6,9%, no pior resultado nessa relação desde 2009, quando a produção foi duramente afetada pela crise econômica mundial.

    Considerando todos os meses, essa é a pior queda na comparação anual desde setembro de 2009.

    Na comparação com o mês imediatamente anterior, o setor já vinha de três quedas, nos meses de março, abril, maio, de, respectivamente, 0,7%, 0,5% e 0,8%, segundo dados revisados.

    Assim, o índice acumulado neste ano já soma uma queda de 2,6%, e em 12 meses, de 0,6%.

    O setor também é afetado por juros maiores, crédito restrito, inflação elevada e especialmente empresários com menos disposição de investir nesse ano.

    O mercado de trabalho também tem mostrado sinais de arrefecimento, sem a entrada de mais mão de obra no mercado, tirando da população a disposição para consumir.

    Editoria de Arte/Folhapress

    DURÁVEIS

    Fortemente sensível à taxa de juros e ao crédito, o setor da indústria que produz bens duráveis (como automóveis e eletrodomésticos) levou um forte tombo e recuou 24,9% em sua produção frente ao mês anterior.

    Na comparação com junho do ano passado, a queda é de 34,3%.

    Segmento mais sensível ao humor do empresário para investir, o setor de bens de capital –que inclui caminhões, por exemplo– caiu 9,7%, na comparação com maio e 21,1% na comparação com junho de 2013.

    A compra de máquinas e equipamentos é reflexo direto da confiança do empresário com o futuro da economia, e a queda nesse quesito mostra a desconfiança do grupo.

    Dos 24 ramos acompanhados pelo IBGE, a indústria perdeu produção em 18.

    Em quatro meses, a produção de bens duráveis perdeu um terço de seu volume –a queda acumulada desde março foi de 33,3%.

    Nessa mesma comparação, o setor de bens de capital encolheu 17,8%.

    A queda na indústria de bens de consumo duráveis foi a pior da série histórica, que é desde 2002.

    COMPARE O DESEMPENHO (em %)

    GRUPO JUN.14/MAI/141 JUN.14/JUN.13 NO ANO EM 12 MESES
    Bens de Capital -9,7 -21,1 -8,3 1,2
    Bens Intermediários -0,1 -2,9 -2,2 -1,2
    Bens de Consumo -7,9 -10,7 -1,9 -0,3
    Duráveis -24,9 -34,3 -8,6 -3,7
    Semiduráveis e não Duráveis -1,3 -3 0,3 0,8
    INDÚSTRIA GERAL -1,4 -6,9 -2,6 -0,6

    1 Série com ajuste sazonal
    Fonte: IBGE

    DIAS PARADOS

    Os segmentos que sofreram mais em junho com dias parados e com questões macroeconômicas foram os de equipamentos de informática e produtos eletrônicos (recuo de 29,6%) e automobilístico (queda de 12,1%), mesmo com a manutenção do IPI menor, que vai vigorar até dezembro.

    Os números ruins da indústria de veículos neste ano levaram o setor a programar férias coletivas.

    Outras contribuições negativas para o indicador industrial vieram dos ramos de confecção, do segmento de bens de consumo, com queda de 10%, e de máquinas e equipamentos, que produziu 9,4% menos do que maio. A Indústria de produtos de borracha e material plástico, classificada dentre os bens intermediários, caiu 5,6%.

    Considerando os seis primeiros meses do ano, o encolhimento da produção de 2,6% foi influenciado, também, pela indústria automobilística, com queda de 16,9%, e da indústria de produtos de metal e metalurgia, com recuos de 10,1% e 5%, respectivamente.

    VEJA O DESEMPENHO POR SETOR (em %)

    SETOR JUN.14/MAI.14
    Coque, prods. deriv. do petróleo e biocombustível 6,6
    Produtos do fumo 4
    Bebidas 2,5
    Produtos alimentícios 2,1
    Indústrias extrativas 0,3
    Celulos, papel e produtos de papel 0,2
    Couro, artigos de viagem e calçados -0,5
    Outros produtos químicos -0,9
    Metalurgia -1,1
    Produtos farmoquímicos e farmacêuticos -1,1
    Produtos de madeira -1,4
    Móveis -1,9
    Produtos de metal -2,8
    Perfumaria, sabões e produtos de limpeza -3,1
    Produtos de minerais não-metálicos -3,4
    Produtos diversos -4
    Produtos de borracha e de material plástico -5,6
    Produtos têxteis -6,7
    Máquinas, aparelhos e materiais elétricos -7,4
    Máquinas e equipamentos -9,4
    Confecção de artigos do vestuário e acessórios -10
    Veículos automotores, reboques e carrocerias -12,1
    Outros Equipamentos de Transporte -12,3
    Equips. de Informática, prods. eletrônicos e ópticos -29,6

    Fonte: IBGE

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