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    Só um terço dos internautas lê com atenção contratos de serviços de sites

    CLAUDIA ROLLI
    DE SÃO PAULO

    04/08/2014 08h00

    Apesar de a maior parte dos internautas temer ataques, golpes e ser vítimas de crimes cibernéticos, quase sete em cada dez brasileiros ainda não lê contratos de serviços ou termos dos sites que utiliza.

    Pesquisa realizada pela Fecomercio SP mostra que somente 33,4% têm atenção para esse assunto.

    "Esse número está em queda desde 2012, o que chama a atenção", diz o advogado Renato Opice Blum, especialista em direito digital e presidente do conselho de Tecnologia da Informação da federação.

    No ano passado, 39,5% informaram ler na íntegra os contratos. Em 2012 esse percentual chegou a 53,7%.

    Para o levantamento, foram mil internautas entrevistados da cidade de São Paulo.

    "Essa realidade deve mudar com o marco civil regulatório que obriga os termos de uso e contratos a serem mais acessíveis, de fácil entendimento e mais transparentes", diz o advogado.

    O Marco Civil da Internet determina os direitos e os deveres de todos os brasileiros conectados - incluindo governos, empresas que fornecem conexão e as que são responsáveis por serviços de e-mail, sites, redes sociais etc.

    A pesquisa também mostra que 86,2% dos usuários da internet consideram que a lei contra crimes cibernéticos (no 12.737, de 2012), mais conhecida como Lei Carolina Dieckmann, é insuficiente para combater os crimes virtuais - acessos indevidos, pune quem desenvolve vírus e quem ataca sites.

    "A penalidade é baixa, de cerca de um ano e prevê o pagamento de cesta básica e punir efetivamente alguém será difícil porque há uma série de condições que criam dificuldades", explica o presidente do conselho.

    VÍTIMAS DE GOLPES

    Dos usuários entrevistados, 18% afirmaram que ele ou alguém da família já foi vítima de crime digital - percentual semelhante ao de 2013 (17,9%).

    O cartão de crédito ou débito clonado ainda aparece em primeiro lugar no ranking dos principais crimes eletrônicos: 44,5% daqueles sofreram gople disseram ter sido vítima desse crime. No ano passado, eram 33,5%.

    Em seguida, estão compras de "empresa fantasma" (16,5%) e uso de dados pessoais (14,8%).

    Compras indevidas realizadas com cartão de crédito (9,3%) e desvio de dinheiro da conta bancária nas transações realizadas pela internet (7,7%) estão em quarta e quinta posição no ranking dos crimes sofridos.

    Após os crimes, a solução mais comum foi apresentada pelo banco (37,9%). No ano passado, a principal atitude foi a realização de boletim de ocorrência (31,8%) e em 2012 foi a reclamação sobre produtos comprados e não entregues (28,13%).

    Dos entrevistados, 12,1% informaram ainda que não tomaram nenhuma atitude após ser vítima de crime eletrônico.

    ATAQUES A EMPRESAS

    Outro levantamento da ICTS Protiviti, empresa que oferece soluções de consultoria e serviços em gestão de riscos e segurança da informação, mostra que os ataques e golpes virtuais contra empresas também crescem no Brasil.

    Somente durante o período da Copa, 146 sites foram invadidos e sofreram negação de serviço. Dentre eles, sites do governo, World Cup, CBF, Polícia Federal, além de empresas patrocinadoras da Copa vinculadas à Fifa.

    "A experiência da Copa deixa a lição para as Olimpíadas de que é necessário pensar em caráter preventivo, não apenas reagir aos ataques", diz Marco Ribeiro, gerente de segurança de tecnologia da informação da ICTS.

    Dados da consultoria mostram que o Brasil é o primeiro no ranking de ataques entre países de vazamento de informações causadas por fator humano.

    A média mensal de ataques passou de 1.000 varreduras por dia em junho de 2013 para 5.000 em junho deste ano.

    No ano passado, o Brasil perdeu entre US$ 7 bilhões e US$ 8 bilhões com ataque de hackers, roubos de senha, clonagem de cartões, pirataria virtual, além de espionagem industrial e governamental, entre outros crimes cibernéticos. Os dados são da McAfee, empresa de segurança eletrônica do grupo Intel, e foram divulgados em junho deste ano.

    No mundo, esses prejuízos atingiram no ano passado entre US$ 375 bilhões e US$ 575 bilhões aproximadamente, incluindo tanto as perdas quanto os gastos para recuperação de ataques.

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