A Rússia irá permitir que o Brasil aumente significativamente suas exportações de carne e laticínios ao país, disse o serviço veterinário e fitossanitário russo nesta quarta-feira (6).

O diretor do órgão de vigilância sanitária da Rússia, Rosselkhoznadzor, Sergei Dankvert, disse em entrevista à agência de notícias russa Interfax que a medida vem após os encontros realizados primeiro no Brasil e, posteriormente, em Moscou com autoridades brasileiras.

Segundo ele, cerca de 20 unidades que antes não podiam embarcar carne de frango até 2012 poderão realizar exportações. Além disso, cerca de 20 unidades fornecedoras de carne bovina, que estavam impedidas de exportar até 2013, também poderão embarcar seus produtos.

"A lista de fornecedores de carne suína que não usam a ractopamina na produção da carne, e que têm a garantias correspondentes, também vai crescer", disse à Interfax.

Além disso, as importações de derivados de carne bovina também aumentarão com companhias avaliadas e que emitiram uma garantia de segurança pelos serviços sanitários do Brasil.

Dankvert esteve no Brasil em julho onde se reuniu com o Ministro da Agricultura, Neri Geller.

Atualmente, uma delegação brasileira liderada pelo secretário de Relações Internacionais do ministério, Marcelo Junqueira Ferraz, e pelo secretário de Defesa Agropecuária, Rodrigo Figueiredo, está na Rússia. Eles terão encontros com representantes do órgão de sanidade russo.

EMBARGO

O serviço de vigilância veterinária e fitossanitária da Rússia também anunciou que vai embargar importações de carne de frango dos Estados Unidos.

A medida faz parte da ordem dada nesta quarta-feira pelo presidente Vladimir Putin de que órgãos do governo preparem uma lista de itens banidos, disse o porta-voz do órgão Alexei Alekseenko.

Ele se recusou a citar outros produtos que estarão na lista de embargo, mas disse que o bloqueio a alimentos importados dos EUA e da União Europeia será "bastante substancial".

O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, disse que a indústria de carne de frango do Brasil tem condições de atender "tranquilamente" uma demanda adicional da Rússia.

"Se eles, hoje, por força das circunstâncias políticas, deixassem de comprar [dos EUA], nós aumentaríamos as plantas habilitadas, e já poderíamos suprir esta demanda", disse Turra.

Ele afirmou que o Brasil teria condições de exportar, adicionalmente, 150 mil toneladas de carne de frango ao ano para a Rússia, cobrindo cota destinada aos EUA.

"O Brasil tem condições, e nós temos uma capacidade ociosa muito grande", disse.

Turra disse ainda que as novas vendas para a Rússia poderiam colocar o país novamente entre os principais importadores do produto brasileiro, que incluem Arábia Saudita e Japão.

No ano passado, as vendas do país à Rússia atingiram cerca de 60 mil toneladas.